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Estudantes indígenas e quilombolas do Ensino à Distância da UFT realizam imersão cultural no sudeste do país

Uma experiência significativa e multifacetada, que proporcionou uma série de benefícios educacionais, culturais e sociais foi parte da vivência que 17 alunos, do Ensino à Distância da Universidade Federal do Tocantins (UFT), ligados ao Programa da Universidade Aberta do Brasil UAB/AF, desfrutaram na última semana.

A ação teve como objetivo oferecer aos estudantes indígenas e quilombolas matriculados nos cursos um momento de aprendizagem, vivência cultural e acadêmico, além de uma experiência de vida. Adriano Castorino, professor da Equipe Multidisciplinar da UAB e coordenador do Programa de Ação Afirmativa da UAB, explica que o Programa de Ação Afirmativa faz o acompanhamento pedagógico dos estudantes que ingressaram por meio das cotas específicas da UFT.

Castorino ressalta ainda, que os estudantes moram em comunidades quilombolas e aldeias indígenas e um dos objetivos do Programa UAB/AF  é oferecer oportunidades de ampliação do acesso ao conhecimento, dentre as quais, estão alguns arranjos pedagógicos, como a visita técnica, aulas presenciais mediadas, visitas entre comunidades e estudantes, oficinas de escrita e leitura, participação em projetos de pesquisa e extensão, entre outros.

Visitas

O grupo esteve viajando no período de 16 a 24 de setembro. “Todo o roteiro foi concebido e organizado para compreender uma viagem contínua, sem a possibilidade de fazer um retorno”, afirmou Castorino. Para tanto, o circuito começou pelo Museu do Ipiranga, da Universidade de São Paulo, “porque o acesso ao acervo deste museu, que trata de uma perspectiva colonial da história do Brasil, traz a perspectiva que precisa ser continuamente criticada em especial pelos povos indígenas e descendentes do povo africano que foi brutalmente escravizado”, esclarece Castorino que acompanhou o grupo de estudantes.

Em seguida eles foram à Bienal de Artes de São Paulo. A visitação teve como objetivo fazer um trânsito pelo que é mais contemporâneo no campo das artes visuais e plásticas. Também foi feita uma visita ao Instituto de Biociência e ao Câmpus da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, ao Museu de Zoologia, da USP e uma Visita Técnica ao Museu de Ciências da Terra, mantido pelo Ministério de Minas e Energia, na Cidade do Rio de Janeiro.

O Cais do Valongo e o Museu do Amanhã, ambos na região portuária da Cidade do Rio de Janeiro, também estiveram no roteiro. Na viagem de volta, a última visita foi ao Instituto Inhotim, em Brumadinho. “Em todas estas visitas a equipe foi recebida, mediante agendamento prévio feito ao longo de todo o primeiro semestre de 2023, por mediadores. Cada visita foi pensada em conformidade com o público, que é formado por estudantes quilombolas e indígenas”, elucidou Castorino.

Para Suzana Gilioli, coordenadora geral da UAB na UFT, a viagem técnica feita com os alunos teve um objetivo inicial de aproximá-los de Universidades maiores, como a USP e de visitar Museus, onde alunos pudessem visualizar de perto muitos dos conceitos teóricos já vistos: “Esses momentos trouxeram algo muito mais rico do que reforçar aspectos teóricos, eles puderem vivenciar experiências que nunca haviam tido. A maioria nunca havia saído de sua comunidade e pôde enxergar um mundo bem maior e cheio de perspectivas. Acredito que o papel da UAB tem sido, principalmente, este. Nós mudamos realidades de um público que  muitas vezes está bem distante de um Câmpus da UFT e isso tem sido muito gratificante de se ver”.

Castorino compartilha deste sentimento. Para ele, essas visitas representam o acesso a outros espaços de ensino: “Por isso, dentre todos os objetivos que são as premissas deste projeto, tais como a ampliação do acesso ao conhecimento científico, está o de consolidação de um repertório científico, cultural e acadêmico. O objetivo, portanto, é que cada estudante possa construir memórias afetivas com as visitas aos museus. Estas memórias, por isso mesmo, podem auxiliar num maior engajamento nas atividades de ensino de cada curso”.

Castorino finaliza, destacando que essa importância pode ser percebida, por exemplo, no fato de que os participantes desta expedição nunca tinham frequentado nenhum tipo de museu. “É como se fosse uma jornada por instituições de muito prestígio acadêmico e culturalmente relevantes”, ressalta ele.

 Iniciativa

Dentro das atribuições do Programa de Ação Afirmativa da UAB, está a de garantir o acesso e a permanência dos estudantes indígenas e quilombolas nos cursos da UAB. Isso significa que todos anos devem ter ações, das mais variadas matizes pedagógicas, cuja tarefa é ampliar os horizontes de aprendizagem, participar de atividades científicas, de pesquisa, de extensão, entre outras.

Para tanto, desde o ano passado, depois da Pandemia, foi retomada a tarefa de organizar atividades dentro do prisma da visita técnica. Assim, em 2022, foi feita uma visita no primeiro semestre, cuja temática central era o Meio Ambiente e começou por uma visita ao Parque Nacional da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.

No ano passado, a atividade compreendia um período do ano mais ameno, em termos climáticos. Este ano, dando continuidade ao que é a razão de existir do programa, foi organizada uma viagem no segundo semestre alternando os horários para que ninguém ficasse sem participar. “Como a viagem é longa, a logística foi pensada para compreender uma semana, tanto no primeiro quanto no segundo semestre do ano letivo”, esclareceu Castorino.

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