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Pesquisadores afirmam que é possível ampliar o número de testes moleculares via PCR para detecção do vírus SARS-CoV-2

Cientistas da Universidade Federal do Tocantins e da West Virginia University-WV-USA desenvolveram o estudo científico intitulado “Diagnóstico do novo coronavírus (SARS-CoV-2) via RT-PCR: variações e oportunidades”: os quais demonstraram que a versatilidade da técnica (PCR), amplamente utilizada no diagnóstico, aliada à utilização de estruturas laboratoriais existentes, pode reduzir o tempo de espera por testes. O primeiro autor do estudo é um pesquisador que faz parte do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), que conta com apoio financeiro do Ministério da Saúde em parceria com o Governo do Tocantins por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt).

 “O diagnóstico é a principal ferramenta de orientação a uma nação quanto ao enfrentamento da pandemia, pois ilumina o caminho e facilita a tomada de decisões, ou seja, a  RT-qPCR é uma bússola molecular sensível e específica que deve ser utilizada no período de infecção, pois pode apontar o caminho para o paciente e para o Governo, já que o Estado dispõe de laboratórios públicos e privados para tal procedimento, explicou o Professor Doutor em Biotecnologia Vegetal que faz parte do grupo de docentes do Curso de Medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Horllys Gomes Barreto, primeiro autor do estudo.

Para a pesquisadora, Prof Doutora em Ciências da Saúde/Professora do Curso de Medicina da UFT, Gessi Araújo, a detecção do vírus no início da infecção é de suma importância. “O diagnóstico precoce pode ajudar a redução do número de casos, o melhor acompanhamento de pacientes com a infecção, evitando as complicações severas e, em consequência, muitas mortes”, esclareceu.

Para o presidente da Fapt, Márcio Silveira, iniciativas como essas contribuem para o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Tocantins, bem como apontam soluções para os problemas de saúde não só do Estado, mas do mundo. O que representa a importância da integração entre os cientistas brasileiros com internacionais que favorece a troca de experiências científicas visando soluções para a pandemia através da ciência.

Soluções

Para os pesquisadores, o emprego de estruturas laboratoriais existentes, sobretudo, em instituições de pesquisa e ensino, poderia ser disponibilizado para melhoria da cobertura dos exames, o que reduziria o tempo de espera por testes moleculares. No estudo, os autores disponibilizaram os ensaios moleculares desenvolvidos por sete instituições de seis países e os reagentes utilizados para detectar o vírus SARS-CoV-2 via RT-qPCR. Os mesmos pesquisadores abordaram as variações da PCR (RT-PCR, neste RT-PCR, RT-qPCR/two-step, RT-qPCR/one-step), que podem ser empregadas no diagnóstico do novo coronavírus, o qual pode ajudar a contornar um dos principais gargalos que surgiu com a nova pandemia, a disponibilidade de insumos para a realização de testes via PCR.

Para o médico infectologista e professor do Curso de Medicina da UFT, Flávio Milagres, o diagnóstico é fundamental para minimizar a transmissão. “O diagnóstico molecular é considerado o padrão-ouro, no manejo dos casos associados à infecção pelo SARS-CoV-2, o que traz benefícios como um manejo seguro e qualificado dos pacientes na fase sintomática e, também, a minimização de casos de possível transmissão secundária, uma vez que podem ser adotadas as medidas de prevenção e isolamentos adequados e contemplados nos protocolos atuais mundiais, por meio do rastreamento de possíveis casos positivos”, disse.

O trabalho ainda traz um estudo do genoma do vírus, sendo que o acompanhamento de sua evolução propicia o desenvolvimento de testes moleculares precisos ao diagnóstico, bem como a revisão de métodos que já estão sendo utilizados, em razão das mutações que o vírus pode sofrer, como foi observado na pesquisa. Segundo o Doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte/UFT, Matheus Daúde, “é essencial o estudo da evolução do vírus para o diagnóstico preciso. “O acompanhamento das mutações sofridas pelo vírus é fundamental para o diagnóstico assertivo. Mutações ocorridas, em regiões utilizadas para a detecção viral, podem reduzir a precisão e gerar falsos negativos”, relatou.

Publicação de artigo

O estudo sobre a PCR resultou na publicação de um artigo intitulado “Diagnosing the novel SARS-CoV-2 by quantitative RT-PCR: variations and opportunities”, o qual foi publicado no Journal of Molecular Medicine, veículo especializado em divulgações científicas, que está entre os melhores periódicos em três categorias da plataforma Scopus. O artigo contou com a participação de todos esses pesquisadores citados na matéria.

 “Este trabalho é relevante, pois destaca a importância da testagem durante uma crise pandêmica. Nós analisamos as variações da PCR (técnica ou método molecular utilizado no diagnóstico de doenças), usadas na testagem do vírus SARS-CoV-2 e, também, a acuidade de se acompanhar a evolução do vírus e adaptar os reagentes usados na testagem, quando necessário. O estudo certamente estreita a colaboração entre a UFT e a WVU. E já estamos pensando em outros projetos juntos”, afirmou o pesquisador Vagner Benedito (Associate Professor of Biochemical Genetics/West Virginia University-WV-USA).

Um dos pesquisadores afirma ainda que o sucesso do estudo se dá pela importante parceria da Universidade Federal do Tocantins com a West Virginia University. “Vejo que o grande ganho está relacionado com a troca de experiências que pode gerar novos conhecimentos, pois possibilita o desenvolvimento de trabalhos de qualidade como o que nós desenvolvemos. Quanto ao nosso estudo, o “Know-how” nos uniu e a pandemia nos motivou a ajudar de alguma forma a diminuir a propagação do vírus e consequentemente reduzir os prejuízos e evitar muitas mortes”, explicou Horllys Gomes Barreto.

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