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Fofoca, o mal do século.

A fofoca é um fator inerente à vida de qualquer sociedade, seja ela primitiva ou desenvolvida. No Brasil, travestida da preocupação com a verdade, a fofoca ganha especial notoriedade, principalmente, no mundo político, religioso e artístico. Se manifesta através da esperteza de falsos “especialistas” que destilam inveja, ódio, despeito, ciúme, vingança e maldade. São críticos da vida alheia que não conseguem ver nada de positivo na beleza, no sucesso, no talento e na vitória de outras pessoas, a não ser nos próprios atos. A fofoca é um mal que se propaga com a velocidade do som; elas têm a força dos ventos e o poder destrutivo de um terremoto.

Com elas, pessoas inescrupulosas põem em xeque a reputação de homens ou mulheres e a imagem de organizações, públicas ou privadas. As fofocas contaminam os bons costumes, azedam as relações interpessoais, destroem a eficácia do trabalho de profissionais e o ambiente de trabalho de inúmeras empresas. Além disso, põem em risco o patrimônio empresarial e as relações trabalhistas entre empregadores e empregados, promovem o favorecimento indevido de uns e demissão sumária de outros, semeiam o radicalismo e o ódio, dentre tantos e tantos efeitos nocivos. Elas atacam indistintamente, amigos e inimigos mortais, ricos e pobres, poderosos e fracos, jovens e adultos. Aqui, justifica-se a sábia análise de Platão, um dos pais da filosofia grega: Os sábios falam porque têm algo a dizer; os tolos, porque têm de dizer algo. As fofocas, dificilmente, têm propósito construtivo, educativo ou mesmo, corretivo. Quem teria, porventura, a coragem de confidenciar a um indivíduo bisbilhoteiro determinado informações? Que líder, em sã consciência, promoveria tal indivíduo, sabendo de antemão que ele não inspira confiança e que suas palavras não merecem credibilidade? Quando a fofocagem se torna um hábito entre as pessoas numa empresa, seja ela pública ou privada, ou instituição religiosa, seus efeitos negativos não demoram a aparecer.

Paira um sentimento de desconforto, insatisfação, suspeita, e até mesmo de paranóia. Alguém diz algo a outra pessoa sobre uma terceira (ausente). É muito difícil que alguém seja produtivo e eficaz, quando percebe que está sob o fogo serrado e cruzado da fofocagem – é preciso se proteger. A bem da verdade, é impossível banir de uma empresa a fofoca, mas ela pode ser reduzida, significativamente, se os profissionais tomarem alguns cuidados e providências. · É preferível chorar sozinho na privacidade de seu quarto a fazê-lo em público, nos ombros da pessoa errada.  Diz a sabedoria popular: “Em boca fechada, não entra mosquito.” · Cuidado para não julgar precipitadamente as pessoas e os fatores que as motivam a agir de modo pouco convencional ou duvidoso (Mt.7:1). A mesma língua ferina, que critica e envenena as ações de outras pessoas, poderá voltar-se contra si mesmo e deixá-lo em apuros como crítico contumaz e insensato.

A fofoca, certamente, não tem esses atributos. Evite o descontrole emocional diante das pessoas com quem trabalha. Ela pode até ser considerada “uma mentirinha branca, sem muitas conseqüências” e socialmente aceitável, mas mesmo assim continua sendo uma mentira. E essa qualquer que seja a sua forma, deve ser evitada, se ambicionamos um mundo melhor, mais justo e mais seguro. É preciso que as pessoas se conscientizem de que o tempo é fator estratégico em suas vidas. Portanto, ocupá-lo com assuntos de menor importância significa perdê-lo. “Diga-me como trata o presente e lhe direi que filósofo você é… Se você ligar o presente, tudo estará ligado. Se você mantiver o presente livre, então haverá lugar para as outras liberdades. Se você esterilizar o presente, tudo o mais será estéril, vazio. Se você tornar o presente fecundo, tudo o mais será fecundo

 

JOÃO ABRANTES, pastor, professor, pós graduado em políticas públicas, graduando em direito, palestrante, funcionário público municipal de carreira em Palmas desde 1992. Email: [email protected]

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