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Seca e impactos ambientais afetam bacias do Tocantins, colocando em risco o Rio Javaés e comunidades indígenas

Estiagem e desmatamento agravam a situação das águas, ameaçando a maior bacia de água doce do mundo.

A estiagem e seus efeitos devastadores têm lançado uma sombra sobre as bacias do Tocantins, especialmente o Rio Javaés, um dos principais rios que cortam a majestosa Ilha do Bananal, considerada a maior bacia de água doce do mundo. A seca implacável tem causado prejuízos incalculáveis, resultando na morte de peixes e impactando severamente as comunidades indígenas que há séculos dependem das águas desse rio para sobreviver.

Em diversos trechos, incluindo áreas próximas à aldeia Boa Esperança, a correnteza desapareceu completamente. Bancos de areia agora se formam, permitindo que seja possível atravessar a pé ou até mesmo de moto o que antes eram trechos navegáveis. Os indícios da crise hídrica são dramáticos, com peixes mortos sendo encontrados onde havia outrora água abundante. Em um único ponto, pelo menos 30 peixes sucumbiram à seca.

O monitoramento por satélite da região dos afluentes da Ilha do Bananal, realizado desde 1980, evidencia a gravidade da situação. De acordo com estudos recentes conduzidos pelo pesquisador do Mapbiomas, Bruno Ferreira, os últimos anos têm sido os piores da série histórica para a superfície de água do Rio Javaés.

“A gente olha do satélite, bate uma foto. Aquele espelho d’água que a gente vê seria a superfície de água. A gente calcula a área dessa superfície. Quando a gente compara o ano de 2021, a superfície de água, com a média histórica, a perda de superfície de água chega a mais de mil hectares, uma perda de 22%. Em 2022, o cenário melhora um pouco, mas ainda é bastante alarmante. A perda em relação à média fica na casa de 495 hectares, uma perda de 10%”, relatou o pesquisador.

Além da estiagem, os especialistas alertam que o desmatamento agrava ainda mais os efeitos devastadores sobre o ecossistema. Claudio Almeira, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros, enfatiza que a ação do homem no meio ambiente contribui para a diminuição da quantidade de chuvas na região.

“Antes você tinha um período mais intenso, mais distribuído. Agora você tem um período mais concentrado. Então, se a gente continuar mexendo nisso, daqui a pouco você pode chegar numa estação extrema, onde você vai começar a inviabilizar a agricultura ou a pecuária em determinadas regiões, que você vai ter uma estação seca tão longa que você começa a ter problemas com o cultivo”, explicou Almeira.

A situação crítica do Rio Javaés e das bacias do Tocantins é um alerta urgente para a necessidade de preservação ambiental e a implementação de medidas que busquem reverter os impactos da estiagem e do desmatamento antes que mais danos irreversíveis ocorram. A sobrevivência das comunidades indígenas e a saúde desse ecossistema vital dependem disso.

Rio Javaés em frente à aldeia Boa Esperança — Foto: Divulgação/TV Anhanguera

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