Terminou na última sexta-feira, 6 de setembro, workshop da equipe do projeto liderado pela Embrapa que está trabalhando para desenvolver um Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (Site) para a aquicultura nacional. O trabalho envolve diferentes Unidades da empresa e é liderado por Balbino Evangelista, que é geógrafo e atua no núcleo temático de sistemas agrícolas da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO).
O líder do Site Aqui fez uma avaliação positiva do evento, inclusive citando a existência de resultados parciais. Segundo ele, “me surpreenderam o volume de dados que já estão disponíveis, o engajamento e o comprometimento dos colegas na execução das suas atividades. E também foi uma oportunidade pra identificar os gargalos e os problemas e, a partir daí, a gente apoiar melhor e ajudar pra que essas atividades possam ser desenvolvidas agora num ritmo mais acelerado e de uma forma bem organizada”.
A Embrapa Territorial (Campinas-SP) enviou quatro pessoas para o workshop; uma delas é Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento. Em sua visão, “o workshop foi muito importante pra gente nivelar o andamento das atividades. É um projeto muito grande, abrange todo o território nacional”. Ainda de acordo com Lucíola, “a gente tem uma contribuição muito grande pra dar pro setor, tanto no nível estratégico de governo federal, quanto das iniciativas empresariais voltadas pra aquicultura”.
O workshop proporcionou aos participantes duas visitas técnicas em Brejinho de Nazaré, município que fica na região Centro-Sul do Tocantins. A primeira delas foi à empresa Aquabel, que trabalha com alevinagem de tilápia e tem investido no estado. E a segunda visita foi ao Parque Aquícola Brejinho II, um dos poucos em efetivo funcionamento no Tocantins. A ida a Brejinho de Nazaré aconteceu na quarta-feira, 4 de setembro. Em Palmas, na quinta (dia 5) e na sexta (6), a equipe do projeto discutiu o andamento das atividades e apresentou resultados parciais de alguns trabalhos.
Além de um Plano de Ação (agora Solução para Inovação, na nomeclatura da Embrapa) Gerencial, que tem Balbino à frente, o Site Aqui possui outros quatro mais técnicos liderados pela Embrapa Pesca e Aquicultura: Análise da distribuição espacial das atividades aquícolas no bioma amazônico e disponibilização das informações em plataforma SIG (Marta Ummus é a líder); Elaboração de indicadores técnicos e econômicos da aquicultura (liderado por Andrea Muñoz); Análises estratégicas de inteligência territorial (que tem Eric Routledge à frente); e Comunicação interna e externa do projeto (liderado por Jefferson Christofoletti).
Diversas Unidades – Um dos participantes do workshop que apresentou como está o projeto em sua região foi Francisco Silva, da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO). “O workshop foi interessante porque permitiu discutirmos as duas atividades que são comuns a todos os estados da região Norte, que são o diagnóstico produtivo e sócio-econômico e os painéis pra definição de custos de produção. Nós temos seis estados envolvidos e o evento permitiu a gente nivelar, dialogar e dar encaminhamentos pra que os procedimentos e a metodologia de trabalho em campo sejam os mesmos em todos os estados”, afirma.
Além das Embrapas Pesca e Aquicultura, Rondônia e Territorial, representantes de outras quatro Unidades da empresa relataram o andamento do projeto em suas áreas de atuação: Acre (Rio Branco-AC); Amazônia Ocidental (Manaus-AM); Amazôni
Lucíola, da Embrapa Territorial, entende que a empresa tem um papel importante na organização de informações na área de aquicultura. “A gente tem uma participação muito grande porque nós somos uma equipe multidisciplinar. Diferente de algumas entidades que podem ter atuação regional ou estadual, a gente consegue olhar todo o território e com o olhar de vários especialistas”, afirma. Para a chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, “essa sinergia entre equipes, o nosso alcance territorial de poder trabalhar isso pra todo o território tornam a Embrapa realmente a empresa estratégica pra trabalhar com esse tipo de sistema, esse tipo de demanda de que o setor é tão carente, inclusive até o próprio ministério (da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)”.
O trabalho desenvolvido pela equipe da Embrapa Territorial mereceu destaque de Francisco, da Embrapa Rondônia, que ressalta “a oportunidade de conhecer as atividades dos colegas daquela Unidade. Eu, em particular, não tinha noção desse trabalho. A proposta de trabalho deles leva a um ponto em que, de fato, nós podemos ter informação com foco em inteligência. Essa espacialização, o monitoramento da informação, dados climáticos, a espacialização em si, permitem gerar informações pra gestores públicos, pra empresários no ato do processo decisório. Isso foi fundamental; muito importante!”.
O líder do Site Aqui tem experiência com outro trabalho de relevância para a agropecuária brasileira, que é o zoneamento agrícola de riscos climáticos. Ele entende que, com o andamento do projeto, a Embrapa poderá oferecer também um zoneamento para a aquicultura como instrumento de gestão de políticas públicas da área. Quem explica é o próprio Balbino: “quando nós finalizarmos o projeto, a gente vai ter uma base de dados organizada. Essa base não é estática; ela é dinâmica. Ela precisa sim ser pensada no passo seguinte, que é alimentar, manter sempre atualizado e gerar novas informações e sempre aperfeiçoar a ferramenta. Assim como o risco climático; iniciou e nós já estamos há 20 anos aperfeiçoando. E esse instrumento (do Site Aqui) no mesmo sentido: não vai finalizar e parar. Ele precisa sim ser pensado na sua continuidade e no seu aperfeiçoamento”.
Sobre o projeto – O Site Aqui envolve recursos financeiros de três frentes. É um projeto dentro dos 19 que a Embrapa hoje coordena no âmbito do Fundo Amazônia. O Projeto Integrado para a Produção e o Manejo Sustentável do Bioma Amazônia reúne essa quantidade de iniciativas de Unidades da empresa que ficam na área da chamada Amazônia Legal e o Site Aqui é uma dessas iniciativas. Além do Fundo Amazônia, o projeto conta com recursos financeiros do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio do projeto Aquicultura com Tecnologia e Sustentabilidade, o Aquitech.
O esforço da Embrapa em desenvolver um Site para a aquicultura nacional também faz parte do projeto BRS Aqua, que tem pesquisas em diversas áreas técnicas desse setor cada vez mais importante da economia brasileira. O BRS Aqua envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa. De caráter estruturante (sobretudo com relação a campos experimentais e a laboratórios) e com forte investimento em capacitação de recursos humanos especializados (bolsistas e estagiários específicos para a área), o projeto é financiado pelo Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec / BNDES), pela própria Embrapa e também pela Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP / Mapa) – recursos que estão sendo executados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).