Wilque Romano foi morto por policiais militares no dia 3 desse mês, em Formoso do Araguaia, sul do Tocantins. O caso é investigado pela Polícia Civil de Formoso.
população de Formoso do Araguaia, região sul do Tocantins, foi às ruas na tarde desta sexta-feira (12) pedindo Justiça contra os Policiais militares suspeitos de matarem o jovem Wilque Romano da Silva, de 19 anos, no dia 3 desse mês durante uma abordagem. Os moradores percorreram várias ruas da cidade com faixas e gritos de Justiça.
A polícia afirma que Silva apontou uma arma para a viatura antes de ser baleado, mas a família negou que o jovem fosse dono da pistola supostamente encontrada com ele. Além disso, o exame pericial feito no corpo mostra que o tiro que causou a morte foi dado pelas costas da vítima. O caso é investigado pela Polícia Civil de Formoso do Araguaia.
Conforme depoimento feito à Polícia Civil, o tiro que matou Silva foi disparado pelo soldado Leandro Marques de Castro. Os outros PMs envolvidos na ocorrência são Rick Bueno de Assis, Rafael Menez Dutra e Aldaires Monteiro da Silva. Todos foram afastados das ruas e colocados em funções administrativas até o fim da investigação.
Nos últimos dias foi divulgado um vídeo que mostra o jovem morto e os miliatares ao lado do corpo em movimentação suspeita.
Entenda
Wilque foi morto por policiais militares na tarde do dia 3 desse mês, em Formoso do Araguaia, sul do Tocantins. A família diz que o jovem não estava armado e foi baleado pelas costas. A Polícia Militar diz que o rapaz reagiu a uma abordagem no setor Aliança. A delegada disse que as primeiras informações são de que o tiro realmente foi pelas costas, mas que precisa aguardar o laudo do IML para ter certeza.
Uma arma e um celular foram apreendidos na cena do crime, mas a família garante que o revólver não estava com Wilque antes dos tiros.
Segundo a PM, a vítima estava no Setor Aliança em uma motocicleta e fugiu quando foi abordado. Ainda segundo a PM, Silva apontou uma arma em direção à viatura e fez um disparo, momento em que os policiais revidaram e o atingiram.
Equipes de socorro do município foram chamadas, mas o jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A Polícia Civil informou que ele não tinha passagem pela polícia. O corpo dele foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Gurupi e em seguida liberado para a família. O velório acontece na casa de parente nesta quinta-feira, em Formoso do Araguaia.
A mãe de Wilque Romano afirma que o jovem não estava armado. “Dizendo o povo que ele estava trocando tiro, mas era mentira. Não tem arma. Como vai trocar tiro se não tem nada para fazer isso? Ele levantou a blusa, desceu o short e falou: ‘ô seu menino, não me mata não, eu vivo do meu serviço’. Aí foram e atiraram nele. A polícia mandou ele virar as costas e no que ele virou, a polícia atirou nele”, diz a mãe Valdirene Romana da Silva.
Moradores disseram que o rapaz teria chamado a atenção da polícia quando empinou uma moto. Ele fugiu e tentou se abrigar em uma casa, mas foi atingido por um tiro e caiu embaixo de árvores. “Mataram meu filho enganado, foi uma covardia. Eu quero justiça”, pede a avó Maria de Lourdes da Silva.
Outro lado
A PM informou que instaurou um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias do fato. Questionada sobre o fato dos policias terem usado luvas para retirar pertences da vítima, disse que se trata de equipamento de proteção individual para evitar que o militar entre em contato com os fluidos corporais de outras pessoas em ocorrências que tenham sangue ou secreções.
Sobre a necessidade de esperar a perícia para mexer no corpo, a PM declarou que quando ainda há vestígios de sinais vitais, o policial deve realizar a verificação inicial e acionar o socorro como foi feito, segundo informaram os militares que atenderam a ocorrência. Ainda de acordo com eles, o corpo foi levado pela ambulância para receber atendimento médico.
Quanto ao exame realizado no IML que indica que o tiro foi dado pelas costas, enquanto PMs alegam que o jovem estava armado e depois de reagir é que foi baleado, a polícia disse que para avaliar a circunstância, deve ser aguardado o laudo oficial da Polícia Científica que será juntado ao Inquérito.
Já sobre o vídeo, a PM afirmou que as imagens farão parte da investigação em andamento e o posicionamento institucional será dado após a conclusão do inquérito.