A Coalizão Vozes do Tocantins ainda deve promover a participação dos jovens em evento nacionais e internacionais, como a COP 28, no Dubai
Geniffe Kariny, de 22 anos, é moradora do assentamento Onalício Barros, em Caseara/TO, militante do MST, estudante de Serviço Social e uma dos 28 jovens capacitados em Comunicação e Justiça Climática pela Coalizão Vozes do Tocantins. O curso teve início em março deste ano e chegou ao seu quarto e último encontro entre os dias 25 e 28 de agosto. Como conclusão do curso, os jovens desenvolveram a gestão completa de um projeto desde a elaboração da proposta até a prestação de contas, além de um vídeo documentando a atividade.
Para Geniffe, que investiu em recipientes para otimizar a venda de produtos da Associação de Mulheres Agroextrativistas da APA Ilha do Bananal/Cantão, a AMA Cantão, o projeto foi um desafio que trouxe satisfação. ”Eu nunca tinha tido contato direto com projetos assim, em todas as suas fases, e pude perceber que teve um impacto muito positivo pela roda de conversa que realizamos durante o Festival da Macaúba. Elas ficaram muito contentes em saber que tinha uma jovem liderança interessada no trabalho delas e que queria ajudar na divulgação dos trabalhos”, conta a jovem.
Sistemas Agroflorestais
Caylane Gleize e Mahyure Ferreira, também do município de Caseara, escolheram trabalhar com a implantação de um sistema agroflorestal no contexto escolar, onde difundiram atividades capazes de garantir geração de renda no contexto rural para aproximadamente 60 estudantes do ensino fundamental (saiba mais pelo instagram @saf_ince). Iude Hipólito e Wesley Rodrigues, estudantes da Escola Família Agrícola do Bico do Papagaio Padre Josimo – EFABIP, de Esperantina/TO, executaram projetos similares em suas comunidades. Já Matheus Gomes, do acampamento Olga Benário, documentou os quintais produtivos já desenvolvidos no território, divulgando a prática.
Reflorestamento
A juventude Apinajé da Aldeia Prata, em Tocantinópolis/TO, formada por Marlucia, Wanderson, Dionísio e Marciane, documentou o projeto de reflorestamento que já vinha sendo desenvolvido na comunidade, além de promover oficinas de viveiro de mudas nas aldeias vizinhas. Thalyfer Ferraz, morador do acampamento Clodomir Santos de Morais, em Ipueiras/TO, teve uma ideia semelhante. Seu investimento foi direcionado a uma empacotadora à vacuo para embalar a produção e otimizar as vendas da comunidade e, com a geração de renda, realizar o reflorestamento, tornando o projeto autossustentável.
Olhares Quilombolas
Os estudantes da Universidade Federal do Tocantins em Arraias, Olavo Lisboa, Brena Cezario, Crislorrane Nogueira e Henrique Neto se uniram aos quilombolas da Associação Kalunga do Mimoso – AKMT, Allan Martins, Darleide Rosa e Raiane Arcanjo, para executar um ciclo de palestras para a conscientização popular sobre tentativas de mineração dentro do território quilombola e os riscos para a comunidade (saiba mais pelo instagram @olharesquilombolas).
Manutenção da Cultura
O grupo de jovens krahô da aldeia Pedra Branca, município de Goiatins/TO, Juliana Pahic, Tião Peru, Marciana Amxy, Gustavo Xohtyc e Ismael Cawar, documentaram detalhadamente a festa tradicional Pēp Cahàc, além de uma produção sobre os impactos da barragem construída nos anos 70 próximo à aldeia. Joel Cuxy, morador da aldeia Manoel Alves Pequeno, contou com a ajuda do grupo para documentar a Festa da Batata, realizada em seu território. Ambos tiveram como objetivo a divulgação das tradições, como forma de valorizar e manter a sua cultura, que vem se enfraquecendo ao longo dos anos e pelo contato com não-indígenas.
Pesca e Apicultura
Shirlene Guimarães, moradora de Araguacema, promoveu uma Assembleia Intercomunitária na Cooperativa de Pescadores Profissionais do município para a criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável pela comunidade e que contou com a presença de autoridades para debaterem o tema, visando a preservação e proteção de uma região que abastece os estoques pesqueiros, e que vem sendo ameaçada pela pesca indiscriminada. Já Jane Batista, de apenas 15 anos, é moradora do acampamento Padre Josimo, em Carrasco Bonito/TO e desenvolveu um projeto para a multiplicação do conhecimento sobre criação de abelhas e produção de mel na comunidade.
Divulgação da Comunidade
Gabriela Souza, moradora do Quilombo do Prata em São Félix, região do Jalapão, realizou uma série de entrevistas para compartilhar com exclusividade a versão da comunidade sobre sua história e seus costumes (conheça pelo instagram @quilombo_prata). Enquanto isso, Bárbara da Silva, promoveu a divulgação da atividade agroextrativista da Estrada do Arroz, que abrange os Estados do Tocantins e do Maranhão, cuja principal atividade é o aproveitamento do coco babaçu para diversos produtos (conheça e saiba como comprar pelo @pindowa_extrativismo).
Formação de Jovens
Com proposta imersiva em comunidades tocantinenses, o Curso de Formação de Jovens em Comunicação e Justiça Climática faz parte da iniciativa VAC – Vozes Pela Ação Climática Justa e conta com apoio no Brasil da Fundación Avina. Participam da formação jovens indígenas, quilombolas, agricultores familiares, assentados, ribeirinhos e estudantes universitários, entre 15 e 35 anos, com o objetivo de valorizar boas-práticas e a lida diária frente às mudanças climáticas, buscando mitigar os impactos aos mais vulneráveis a essas mudanças. Apesar da finalização do curso, os jovens ainda irão representar a Coalizão em eventos nacionais e internacionais, como o Encontro dos Povos do Cerrado, em Brasília-DF e a COP 28, que será realizada neste ano em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
Vozes do Tocantins
A Coalizão é composta pelas organizações: Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Kalunga do Mimoso – Arraias (AKMT), Associação Centro Cultural Kàjre (povo Krahô), Associação Pyka Mex (povo Apinajé), Colônia de Pescadores/as de Araguacema-TO (Copesca), Cooperativa de Trabalho, Prestação de Serviços Assistência Técnica e Extensão Rural (Coopter), Escola Família Agrícola Bico do Papagaio Padre Josimo (EFA – Esperantina), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST – Tocantins), Associação Onça D´água de Apoio às Unidades de Conservação, Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários da Universidade Federal do Tocantins (UFT), curso de Turismo Patrimonial e Socioambiental da Universidade Federal do Tocantins – Campus Arraias, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e Núcleo de Estudos Rurais, Desigualdades e Sistemas Sociológicos (Neruds).