Extensão rural tem três professores que dão aulas em todas as disciplinas. “Percebemos que temos potencial, que poderemos ter sonhos”, diz aluna.
Todos os estudantes do 3º ano de uma escola da zona rural de Guaraí, na região central do estado, foram aprovados em vestibulares neste ano. O aproveitamento de 100% encheu os professores e parentes de orgulho por ver os nove alunos da turma vencerem as dificuldades da educação no campo, em uma escola em que três professores dão aulas em todas as disciplinas para as turmas de ensino médio.
“Percebemos que temos potencial, que poderemos ter sonhos e procurar realizá-los”, comentou Samara Machado Damasceno, 17 anos, aprovada em 8º lugar no curso de ciências biológicas, na Faculdade de Guaraí.
Os alunos estudam na extensão rural da Escola Estadual Irineu Albano Hendges, que funciona na fazenda Bom Lugar, a 60 quilômetros de Guaraí. Ao todo, 28 alunos do ensino médio aprendem em salas cedidas por uma escola municipal, que oferece o ensino fundamental.
“Antes nem imaginávamos que poderíamos ser aprovados em algum vestibular. Como os meus pais moram no campo, aprendi a gostar das coisas da roça, por isso, escolhi a área da biologia”, diz a estudante Jocastra Morais Lima, de 18 anos. Ela foi aprovada em 5º lugar no curso de ciências biológicas, também em Guaraí.
Para os parentes, as conquistas representam orgulho e esperança de um futuro cada vez melhor. “Vivemos da roça, e não imaginava que a minha filha pudesse chegar tão longe. Agora, estamos torcendo para que ela supere os empecilhos da vida”, contou Maria de Fátima, mãe de Samara Machado.
Professores
Os professores precisam fazer uma viagem de duas horas todos os dias até a escola para dar as aulas. Segundo a Secretaria de Educação, ofertar o ensino médio na localidade foi um pedido dos próprios moradores. Antes, os estudantes é que se deslocavam para a cidade todos os dias e ainda tinham que ajudar os parentes nos trabalhos rurais.
Levar o ensino para mais próximo dos jovens fez os educadores perceberem que os estudantes precisavam de uma proposta de ensino diferente. Por isso começaram a dar aulas de reforço para conteúdos básicos.
“Muitas vezes nos preocupamos com a aprovação dos alunos nas diversas avaliações, mas deixamos de lado os conteúdos que eles não conseguiram aprender. E foi o que fizemos, dedicamos horários especiais para revisar assuntos ou conversar sobre temas básicos que eles precisam aprender”, comentou o professor Sebastião Mendes de Sousa.
“É uma iniciativa que vem acontecendo há quatro anos na escola e, com isso, promovemos a aprovação de todos os alunos em cursos superiores, em 2015 e 2016. Isso é o reflexo do resultado do nosso trabalho”, afirmou o professor de linguagens, Hadley Aguiar da Cruz.
Os nove estudantes foram aprovados no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), na Faculdade de Guaraí (FAG) e na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC).