Oportunidades Latentes na Cadeia Produtiva da Carne Tocantinense: Maior Abate e Mercados Premium Prometem Alavancar a Economia Estadual.
Em um evento que reuniu a nata da pecuária e agroindústria tocantinense, o 3º Meat Day, realizado na Fazenda Bacaba, em Miranorte (TO), a necessidade de uma estratégia integrada e focada em qualidade foi o ponto central. O presidente do Sindicarnes-TO, Oswaldo Stival Júnior, destacou a urgência de aprimorar a sinergia entre todos os elos da cadeia produtiva para que a carne do Tocantins alcance patamares mais altos no mercado internacional.
A Força da União e o Foco no Mercado Exigente
Stival Júnior, que também lidera o Fundeagro-TO e o grupo Cooperfrigu Alimentos, enfatizou que a união entre produtor e indústria é fundamental. Segundo o agroindustrial, o produtor deve fornecer a matéria-prima — a carne de qualidade —, e o frigorífico, como indústria transformadora, deve prepará-la para os mercados mais exigentes. Essa colaboração não apenas eleva o padrão do produto, mas se traduz em melhor remuneração para o pecuarista, já que mercados premium pagam significativamente mais por cortes específicos e por um produto com maior valor agregado.
Ociosidade Industrial: Um Freio no Potencial de Abate
Um dos dados mais cruciais apresentados por Stival Júnior foi o potencial não aproveitado da indústria frigorífica local. Com uma capacidade instalada para abater cerca de 2,2 milhões de cabeças por ano, o setor opera com uma ociosidade alarmante. Em 2024, o abate foi de 1.579.644 animais, representando uma ociosidade média de 28%. A situação se manteve crítica até novembro de 2025, com 1.372.470 animais abatidos, elevando a ociosidade para 31,27%. Aumentar o volume de abate não é apenas uma questão industrial, mas uma via direta para o desenvolvimento socioeconômico, gerando mais empregos, pagando mais ao produtor e impulsionando a economia estadual.
O Salto no Valor: A Diferença do Mercado Premium
O valor pago por cortes de carne para exportação futura, quando comparado ao preço atual, ilustra vividamente o potencial de ganho com o foco em mercados mais rigorosos e de alto poder aquisitivo. O presidente do Sindicarnes-TO destacou as diferenças exponenciais de remuneração: o quilo do filé mignon, por exemplo, atualmente vendido a US$ 11,00, alcança US$ 29,00 na exportação futura, uma diferença de 264%. O contra filé salta de US$ 7,00 para US$ 19,00 (253% de diferença). Já cortes como o coxão mole e o coxão duro mostram aumentos de valor de 160%, passando, respectivamente, de US$ 6,60 para US$ 10,50 e de US$ 6,30 para US$ 10,00. Essa disparidade de preços reforça o argumento de que investir em qualidade e rastreabilidade — tema central do evento sob o lema “Origem Rastreada, Qualidade Comprovada” — é a chave para maximizar a receita do Tocantins.
Exportações em Ascensão, Apesar dos Desafios
Apesar da ociosidade, os números de exportação indicam uma trajetória de crescimento. Com um rebanho bovino de 11,3 milhões de cabeças, o Tocantins projetou exportar 131 mil toneladas de carne em 2025, o que representa um aumento de 27% em relação às 109 mil toneladas vendidas em 2024. Essa última já havia sido 17% maior que o volume exportado em 2023 (93.123 toneladas). O crescimento das exportações é um indicador positivo do potencial do Estado, mas a alta saída de bovinos em pé (1.091.834 animais até novembro de 2025) aponta para a oportunidade de reter e industrializar essa matéria-prima localmente, aproveitando a capacidade ociosa.
O Evento como Plataforma para o Futuro da Pecuária
O 3º Meat Day reuniu aproximadamente 550 participantes, entre produtores, técnicos e especialistas. A agenda do evento, que abrangeu genética, manejo, nutrição, rastreabilidade e casos de sucesso, serviu como um catalisador para disseminar as melhores práticas necessárias para atingir o padrão de qualidade exigido pelos mercados premium, pavimentando o caminho para que o Tocantins se consolide como um player de peso na exportação de carne de alto valor.




























