Seguindo as diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) juntamente com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que dentre os objetivos do milênio estabeleceu que de 2011 a 2020 é a década da redução de vítimas de trânsito, o Governo do Tocantins chama atenção para o cuidado com o trânsito, principalmente no período de carnaval. Ações de conscientização e o envolvimento de todos os profissionais foram solicitados pelo titular da Secretaria de Estado da Saúde, Marcus Musafir.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), os acidentes de trânsito aumentam entre 20 e 30% no período das festas carnavalescas e 65% das ocorrências envolvem motoristas embriagados. Os dados despertam gestores e a população para os cuidados que se deve ter para levar dos dias de folia apenas as boas lembranças. “O uso do capacete pelo motociclista, o uso de cinto de segurança em todos os ocupantes do carro, o uso de cadeiras adequadas para crianças e a atenção ao trânsito, como o não uso do celular, fazem a diferença”, destacou o secretário.
Musafir destaca ainda números da OMS que apontam que 1,25 milhões de pessoas morrem por ano por causa do trânsito. “São quase 60 milhões de feridos e mais de 1 milhão de sequelados com traumas importantes. A faixa etária é de 15 a 29 anos. É a primeira causa de morte em jovens nesta faixa etária. 90% das ocorrências são em países em desenvolvimento e o Brasil está em quarto lugar em números de acidentes”, reforçou.
Dados da Diretoria de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Sesau apontam que no Tocantins, em 2015, foram 563 acidentes de trânsito com óbitos. Para o secretário Musafir, este número pode ser reduzido se todo cidadão entender que o vulnerável é o pedestre, o ciclista e o motociclista e manter o respeito acima de tudo. “Tem que se respeitar a sinalização e os limites de velocidade. Correndo demais não tem como parar de imediato e consequentemente vem o trauma, que muitas vezes vai além do prejuízo financeiro. Estamos preocupados em manter a população saudável, em reduzir custos com pacientes traumatizados, evitar que o cidadão perca o salário. Estudos do Banco Mundial mostram que a primeira causa de empobrecimento da pessoa é o trauma de trânsito”, reforçou o secretário.
No hospital
No Hospital Geral de Palmas (HGP), o maior hospital público do Estado, 1.580 pessoas foram acolhidas no pronto socorro, vítimas do trânsito, em 2015. 90% destes pacientes apresentam várias fraturas e o custo com cada um fica em torno de R$ 2.000 e R$ 2.500 a cada três dias de internação normal, sem uso da média e alta complexidades, como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e centro cirúrgico. Já para o paciente que precisa desses serviços, o valor fica entre R$ 3.600 e R$ 4.000, levando em consideração o mesmo tempo de internação.
O aumento é constatado em função do valor da diária da UTI e dos exames da alta complexidade, como ressonância magnética, tomografia e outros. “Por se tratar de um paciente politraumatizado, ele necessita de atendimento que envolve a equipe multiprofissional. À medida que o paciente necessita dos profissionais e das altas complexidades o atendimento se torna mais oneroso”, explica a diretora geral do HGP, Renata Duran, acrescentando que além das altas complexidades, muitas vezes ele precisa ser submetido a várias cirurgias e alguns chegam a permanecer internados por até seis meses.
Internado no HGP, Elvis Reis, que tem apenas 20 anos e foi vítima de acidente com motocicleta, fala sobre as consequências do trauma. “Tive um choque na minha vida, jamais imaginaria que ficaria um mês sem poder levantar de um leito, sem poder andar e sem praticar atividade física. Está sendo um período de aprendizado de forma dolorosa. Agora sei que a educação para o trânsito é muito necessária. Estou sem trabalhar e preciso de alguém para me ajudar em tudo. A conscientização e o respeito no trânsito entre os condutores são fundamentais para evitar uma situação como a minha”, desabafou.
Sequelas
As sequelas de um acidente podem ser muitas, dentre elas as físicas, quando há perda de locomoção decorrente de fraturas que podem causar paralisação, amputação ou deformidades; social, com perda de convívio no meio social que antes ocupava, por causa de limitações, por exemplo, de locomoção; financeira, a pessoa passa a ter como renda financeira, o auxílio da Previdência Social, que em determinados casos é insuficiente para sua manutenção; profissional, muitas vezes não consegue se inserir novamente no mercado de trabalho e em alguns casos nem pode mais exercer a profissão, e familiar, quando em alguns casos o paciente passa a ser totalmente dependente de familiares, o que acarreta em mudanças de hábitos e estilo de vida junto aos demais membros da família.
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