Por causa da semelhança entre os sintomas entre a febre amarela e outras doenças vetoriais, especialmente as transmitidas pelo Aedes aegypti, a Secretaria de Estado da Saúde está orientando os 139 municípios a reforçar a vigilância da doença, em razão da região Amazônica ser área de risco de transmissão. Por isso, conforme os protocolos de vigilância recomendados pelo Ministério da Saúde, qualquer caso suspeito deve ser notificado imediatamente.
Em 2017, quatro casos foram notificados como suspeitos para a febre amarela, dentre eles um já está descartado, e os outros continuam sob investigação. O Tocantins não confirma casos de febre amarela em humanos desde 2000.
Segundo a médica veterinária da Gerência de Vigilância das Arboviroses do Estado, Lariane Azevedo, a morte de primatas, como os macacos, também chamada de epizootia, é um evento sentinela que pode indicar uma possível circulação viral da doença em áreas silvestres. Em 2017, somente os municípios de Aparecida do Rio Negro, Porto Nacional, Tocantínia e Taguatinga notificaram episódios de epizootia que estão em investigação. “Não há nenhum caso recente de epizootia notificado em Xambioá ou municípios próximos. Claro que por estarmos em região endêmica é importante que toda população garanta a imunidade através da vacina e informe imediatamente ao agente de saúde ou à Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) o aparecimento de macacos mortos”, acrescenta Lariane Azevedo.
A enfermeira da Gerência da Vigilância das Arborvirores, Gisele Luz, explica que a dengue e a febre amarela, por exemplo, são doenças muito parecidas na fase inicial. “A dengue e a febre amarela são doenças da mesma família e, muitas vezes, por essa peculiaridade, os sinais e sintomas são muito semelhantes. A dengue apresenta febre, dor no corpo, dor de cabeça, cansaço, dor atrás dos olhos. Na febre amarela, o paciente apresenta febre, dor de cabeça, cansaço, pele e olhos amarelados e as manifestações hemorrágicas podem acontecer, assim como ocorrem na dengue.
A febre amarela é uma doença imunoprevenível, segundo o Ministério da Saúde, a vacina possui 95% de eficácia. A preocupação da Secretaria e Saúde, é que o Estado faz parte da área de recomendação vacinal, e não apresenta atualmente, 100% de cobertura vacinal para a doença, fator que deixa a população mais suscetível a adoecer.
Nesse sentido, as secretarias municipais devem informar sobre pacientes que apresentarem sinais da doença e possuir histórico vacinal incompleto ou ignorado.
Febre Amarela
O vírus da FA apresenta dois ciclos epidemiológicos de transmissão distintos, silvestre e urbano. Do ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico, a doença é a mesma nos dois ciclos. No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gênerosHaemagogus e Sabethes, os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.
Vacinação
Segundo a enfermeira Greicy Rivello, da Gerência Estadual de Imunização, todos os municípios do Tocantins estão abastecidos com vacina para febre amarela, que é recomendada para crianças a partir dos nove meses com reforço aos quatro anos. Adultos devem ter pelo menos duas doses da vacina para garantir a prevenção, conforme recomendação do Ministério da Saúde. As doses são aplicadas com dez anos de intervalo. “É importante alertar que aqueles que pretendem viajar para áreas de mata com fauna e flora silvestre que precisam atualizar o cartão de vacina com 10 dias de antecedência da data da viagem para garantir a imunidade”, completou GreicyRivello.
Morte de Primatas não humanos (macacos)
A ocorrência de casos de febre amarela em humanos geralmente é precedida da transmissão entre macacos e vetores silvestres, sendo assim, a informação sobre a morte desses animais é considerada um evento sentinela e constitui um sinal de alerta precoce para medidas de prevenção e controle. Por isso, todo rumor de morte de primatas não humanos deve ser comunicado imediatamente ao agente de saúde mais próximo.