Rio Formoso e Urubu à beira da morte diante da Ação Criminosa do homem na natureza

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Rio Formoso e Urubu à beira da morte diante da Ação Criminosa do homem na natureza

Condenados à morte e agonizando como doente em fase terminal na UTI, dois importantes rios do Tocantins, Formoso e Urubu, que integram a bacia do Vale do Araguaia, estão sendo vítimas constantes da agressão COVARDE do homem.

O Formoso desempenha um forte papel na produção irrigada de grãos no Estado, abastecendo o projeto Rio Formoso, maior projeto de irrigação do Tocantins, com seus mais de 18 mil hectares de área útil para produção e mais uma grande área no município da Lagoa da Confusão, já próxima à Ilha do Bananal.

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Rio praticamente seco nessa época e peixes morrendo por falta de água e oxígenio

De um modo geral, a estiagem prolongada também contribuiu para que a situação chegasse ao ponto crítico, embora a agressão irresponsável do homem tenho sido mais para decisiva para o atual estado de calamidade. Nos últimos dias imagens chocantes do local divulgadas nas redes sociais mostra uma triste realidade: o descaso do poder público para colocar fim ao crime ambiental.

A medida emergencial, firmada entre Naturatins e Associações de Produtores para aumentar a vazão dos rios e evitar que ocorra uma catástrofe ambiental maior, não vai surtir os efeitos desejados. A ação dos órgãos estaduais é limitada, pois o crime ambiental só ocorre porque é respaldado por leis federais.

E a situação pode ficar pior ainda se a proposta da PEC 65/2012, que acaba com o licenciamento ambiental, passar. A aprovação dessa PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de acordo com ambientalistas, foi obra de uma articulação regimental, de uma manobra parlamentar feita às escondidas.

Ela prevê que a mera apresentação dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima) de um empreendimento implicará sua autorização e que, daí em diante, ele não poderá ser suspenso ou cancelado. Populações e ecossistemas afetados ficariam à mercê da boa vontade dos empresários. A proposta voltou à CCJ do Senado para ser rediscutida.

MORTE

A sentença de morte dos rios Formoso e Urubu foi decretada a partir da construção de barragens para o represamento de suas águas. Quem deveria cuidar não cuida e quem teria a obrigação de fiscalizar e punir os infratores, também peca às vezes pela omissão.

O Urubu foi o primeiro rio a sofrer um estupro ambiental do homem ainda na década de 1990, com a construção da primeira barragem. Próximo ao local, à margem da rodovia que dá acesso à Barreira da Cruz, na Ilha do Bananal, uma placa chamava a atenção sobre a importância de preservar o meio ambiente. “PRESERVE NOSSAS MATAS E RIOS”. Parece uma piada, mas não é.

A resposta à agressão do homem na natureza foi imediata: Rio Formoso.tempo depois o rio Urubu já apresentava sinais de morte. Mais recente, as águas do rio Formoso passaram a ser bombeadas para irrigar as lavouras de soja. E os produtores fizeram aleatoriamente, sem respeitar o limite estabelecido quando da construção da barragem.

Aliás, antes da barragem ser construída, um grupo de agricultores foi tão ousado que chegou a desviar o leito do rio através de um canal. O Ibama foi acionado. Ao constatar o crime praticado o órgão teria lavrado uma multa de R$ 4 milhões, mas uma decisão judicial anulou a punição.

POUCA EFICÁCIA

No último dia 15 de julho foi dado início à medida emergencial, acordada entre o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e representantes do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Formoso e da Associação dos Produtores do Vale do Rio Urubu (Avau), em busca da elevação do nível das águas nos rios da região.

A partir do dia 17 deste mês, até o final desta safra, as bombas de irrigação só deverão ser ligadas  em caso de necessidade e com horário estabelecido,  de 21h às 9h do dia seguinte.

De acordo com a gerente de Recursos Hídricos do Naturatins, Vanessa Sousa, o esforço vai contar com a sensibilização de todos os usuários de água. “Contamos com a colaboração de todos os usuários de água do Rio Urubu e região, para que possamos recuperar a vazão dos rios e garantir o final da safra existente, sem maiores danos ao meio ambiente e aos irrigantes”, esclareceu.

Rio FormosoAinda segundo a gerente, cada integrante da reunião teve oportunidade de expor a sua realidade no período crítico de estiagem. “A decisão foi de consenso e os rios com maior demanda de uso para atividade de irrigação estão sendo os mais prejudicados, com a falta de chuva dos últimos anos”, concluiu.

O setor técnico do Naturatins aponta que a permanência da captação constante tende a causar perdas em toda extensão agrícola da região da Bacia e nesse ritmo, não deve suportar a demanda até o final da safra.

A escolha do horário noturno para a irrigação se baseou em estudos que apontam nesse período um menor índice de evapotranspiração  e maior índice de absorção da água pelo cultivo. O horário proposto também vai facilitar o acompanhamento pela fiscalização.

Denúncia de crimes ambientais, use o canal sigiloso do Instituto por meio do Linha Verde 0800 63 1155, todos os dias.

REVOLTA

“Alguém tem que tomar uma providência. Está certo que nós precisamos de alimentos, mas os rios não podem ser destruídos para esta finalidade”, protestou o goiano Didair Braz.

Os moradores da região afirmam que no leito do Formoso já não corre água como antigamente. “Tem muitos córregos por ai que tem mais água do que estamos vendo hoje no Formoso. Um rio famoso pelos seus peixes, como pirararas, tucunarés, piaus, pacus, está sofrendo desse jeito”, lamenta Alexandre Soares,

De acordo com  Alexandre não somente a estiagem está comprometendo a preservação do Rio Formoso, mas também a captação de água para irrigação. “Acima tem algumas bombas que estão captando água sem parar para irrigar o projeto. Alguém coisa precisa ser feita”, alerta Alexandre.

BOTOS RESGATADOS

O Naturatins localizou e resgatou mais três botos em áreas críticas do Rio Formoso, na região do município de Lagoa da Confusão, na última semana. Esse é o resultado do monitoramento da equipe do Escritório Regional do município, com apoio técnico de representantes dos setores de Fauna, Outorga e Segurança de Barragens da sede do instituto e de produtores rurais da região.

O esforço conjunto vem sendo realizado para possibilitar o resgate e o salvamento de espécies que possam se encontrar em áreas de risco no afluente, devido ao período de estiagem.

Boto

Rio Urubu sem água: na foto maior um boto sendo resgatado agonizando no Rio Formoso

Em cada ponto monitorado pelo Naturatins vem sendo observada a segurança dos animais em relação às dimensões dos poços que têm se formado ao longo do rio, ao volume de água e à capacidade de alimentação que o local oferece para a espécie.

Até o momento quatro botos foram resgatados. De acordo com informações da equipe técnica, os animais estão sendo levados para o Rio Javaés, braço direito do Rio Araguaia, próximo à Barreira da Cruz, a cerca de 10 km do local da captura.

O ponto de soltura escolhido fica no cruzamento do município de Lagoa da Confusão para Ilha do Bananal, onde além de possuir fartura de água, são encontradas as mesmas características do habitat dos animais, facilitando o retorno de todos, tão logo ocorra a recuperação da vazão dos pontos do rio, de onde foram transferidos.

O inspetor e supervisor de Segurança de Barragens da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Naturatins, Felipe Pimpão, adiantou que outros quatro pontos foram identificados com locais potenciais para futura necessidade de realização da operação nos próximos dias. “Cerca de seis a sete botos podem vir a necessitar de resgate, o que pode exigir outras três ou quatro operações de salvamento, além de peixes como o pirosca, também conhecido como pirarucu e demais espécies que se encontrem em dificuldade”, apontou.

A bióloga da Supervisão de Fauna da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, Luciana Costa, esclareceu que todos os cuidados estão sendo tomados. “Entre os botos localizados, tivemos um jovem e outros três mais adultos, que apresentaram entre 80 a 200 kg.

Mesmo tomando cuidados com a hidratação do corpo do animal, gazes para proteção da retina e os demais cuidados necessários à proteção da integridade de sua estrutura física, o resgate, transporte e soltura naturalmente provoca um stress, não só neste, mas em qualquer animal. Então, enquanto o animal estiver em segurança, evitamos a realização dessa transferência”, pontuou.

O inspetor da Supervisão de Cadastro e Outorga da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Naturatins, Magno Pimenta, comentou que outros monitoramentos podem estender a operação a outro município. “Também às margens do Rio Formoso, mas no município de Formoso do Araguaia, o monitoramento vem apontando a possibilidade de realização de operações semelhantes”, afirmou.

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