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Professora Selma Babosa deixa sala de aula após 30 anos de sucesso na carreira docente

Transposição didática e adequação da linguagem ao nível dos estudantes foram formas metodológicas que a professora Selma Ferreira Barbosa Peixoto utilizou em suas agradáveis aulas, contam estudantes

Professora! Professor! Você por aqui? Quem já foi ou é docente entende muito bem disso. Há algum docente, que nunca olhou para o lado, sendo confundido com outro, ao ouvir esse chamamento? Provavelmente não.

Após uma carreira brilhante em sala de aula, a professora Selma Ferreira Barbosa Peixoto, de Guaraí, vai usufruir de sua honrosa aposentadoria. Dentre as diversas ações, umas divulgadas em redes, outras entre os amigos de trabalho e estudantes, destacam-se a emoção da professora em ser homenageada pelo selo ‘Quem Educa, Faz!’, promovido no ano de 2019, para professores que inovaram em suas metodologias em sala de aula.

Sempre com foco na aprendizagem dos estudantes, a professora Selma esteve atenta às avaliações externas também. Assim, ela preparava os alunos para participarem do Sistema de Avaliação da Educação do Tocantins (Saeto), incentivou a participação dos estudantes em concursos e olimpíadas, e ela comenta sobre os resultados. “Tivemos três alunos vencedores em concursos de redação promovidos por instituições financeiras da região”, ressaltou.

“Fiquei muito feliz e grata por ter meu trabalho reconhecido. Essa profissão é muito árdua, e participar de um evento como esse dá uma injeção de ânimo. Colher frutos é uma dádiva”, agradeceu.

E quem disse que o trabalho da professora Selma se limitava ao município de Guaraí pode se equivocar. Em conversa com a equipe diretiva do Colégio Major Juvenal Pereira de Sousa de Tabocão, ela foi até a unidade escolar e ministrou aulas, de redação, com conteúdos relacionados ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O objetivo desse trabalho foi garantir que todos os estudantes, que por algum motivo tinham perdido aulas de redação para o Enem, assistissem às aulas. Os estudantes da 3ª série foram atendidos. A professora Selma Barbosa comentou sobre a ação. “A aula foi desenvolvida, principalmente, para que os estudantes que não tiveram a oportunidade de assistir ao Aulão, promovido pela Secretaria de Estado da Educação, não ficassem prejudicados. Assim, na próxima edição do Aulão do Enem, estes estudantes poderão acompanhar o conteúdo com maior tranquilidade”, pontuou.

A professora Selma Ferreira Barbosa Peixoto teve, oficialmente, como último espaço, suas funções docentes exercidas no Colégio da Polícia Militar do Estado do Tocantins Dona Anaídes Brito Miranda, de Guaraí. Nessa escola, o trabalho de produção de texto voltado para a redação do Enem teve muita ênfase.  Apaixonada pela área de linguagem, ela conta que se sente realizada na profissão.

“Um dos principais objetivos do meu trabalho é fazer com que os estudantes se destaquem nas produções. Para isso, eles precisam perder o medo de escrever e acreditem que, independentemente da rede na qual estudem, eles podem se destacar nos estudos. O fator preponderante é que os estudantes demonstram muito interesse pelas aulas, abraçando essa causa. Quase não percebemos o tempo de aula passar, dado o interesse deles pelas temáticas em discussão”, comentou.

Para alcançar uma nota alta, cerca de 900 pontos, é preciso que ambas as partes se esforcem. Portanto, professores e estudantes devem formar parcerias compromissadas. Os momentos das aulas tornam-se mais interessantes quando há autonomia para o desenvolvimento das metodologias. As “rodas de conversas” são importantes para debates de temas polêmicos. Esses temas geram problematizações que merecem soluções, e isso faz com que o repertório do estudante aumente para a produção do texto da redação do Exame Nacional do Ensino Médio, que é um texto dissertativo. Durante esse momento, os estudantes falam sobre suas trajetórias e crescimento nos estudos, sempre com o olhar atento da professora para os detalhes do texto, que são considerados importantes para a melhoria do desempenho na prova.

De maneira leve e buscando facilitar o entendimento dos estudantes, a professora já utilizou situações cotidianas como as observadas no comércio local. Para trabalho com os textos, no sentido de adequação, evitava usar expressões como “certo” “errado”, por uma questão de estilo e de respeito às diferenças. Os parâmetros utilizados para isso era a referencialidade, ou seja, que documento poderia ser utilizado para determinar que uma afirmação esteja correta ou incorreta. Dessa forma, o trabalho com a Gramática Normativa era realizado, com muito cuidado.

Para tanto, o embasamento teórico sempre foi referência nas discussões. A linguagem é a roupa da mente, como destaca a teórica Lya Luft. Assim, não falamos em casa como falamos num discurso, em ocasião solene, nem falamos numa entrevista para conseguir emprego como falamos brincando com nossa turma na escola. E não falamos com um bebê de 2 anos como falamos com o médico ao qual estamos expondo nossos males.

Essa temática era abordada com frequência nas aulas, conforme explica Selma Barbosa. “Certa vez eu coloquei os manequins de lojas trajados com diversos modelos de roupas. E solicitei que os estudantes escolhessem cada vestimenta para ir a um evento, e que também escolhessem o evento ao qual iriam participar. Poucos estudantes utilizaram a roupagem inadequada. Isso para afirmar que nada é proibido, mas se algo causa estranhamento, é bom evitar”.

Essa é uma metodologia para utilização de gêneros textuais e suas diferenciações nos usos desses textos, inclusive da linguagem empregada, o destinatário e os objetivos a que se pretende alcançar com o texto. As aulas devem ir além da leitura dos livros didáticos. Elas devem ser contextualizadas com a realidade dos estudantes.

Planejamento coletivo

A professora Tatyane Adorno, de Língua Portuguesa, conta que está feliz com a conquista da professora Selma e comenta sobre o cotidiano com a colega. “Os sentimentos de alegria, de felicidade, respeito, amor, combinados com competência e simplicidade é o que podemos perceber na professora Selma. Com ela eu aprendi que educação é amor. Ela ama educação, os planejamentos eram muito divertidos. Agradeço pelo tempo de experiências juntas”, concluiu.

As estudantes Juliana Martins Cardô e Charllyana Carvalho Julião, da 3ª série do ensino médio, comentaram sobre as aulas e o privilégio por terem sido alunas da professora Selma Barbosa. “É aquela professora que todo aluno deveria ter. Transmite amor ao ensinar, conquistando a todos com o seu carisma. É a dona das aulas alegres e expressões inesquecíveis, foram 30 anos dedicados à Educação, um legado jamais esquecido. Agradecemos, em nome de todos os alunos, pelos ensinamentos e pelos conselhos repassados. Desejamos muitas felicidades nessa nova fase”, destacou Juliana  Martins Cardô.

A diretora, major Allana Lopes, elogiou a professora atribuindo a ela qualidade de excelência como pessoa e como profissional. “A professora Selma é a personificação da excelência. Eu tive a honra de conhecer o trabalho dela e posso comprovar isso pelo acompanhamento das ações desenvolvidas na docência”, finalizou.

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