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Políticos são citados em gravações de empresário suspeito de cartel

Duda Pereira é presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis. Ele também está sendo investigado pela morte de dono de postos.

Em novas gravações telefônicas divulgadas pela Polícia Civil, o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Tocantins (Sindiposto), Eduardo Augusto Rodrigues Pereira, conhecido como Duda, suspeito de envolvimento em cartel de combustíveis em Palmas, cita os nomes do prefeito da capital, Carlos Amastha, e do deputado estadual Valdemar Júnior (PMDB). Os áudios foram divulgados com autorização da Justiça.

A polícia grampeou o celular do presidente do Sindiposto por um mês para investigar o envolvimento dele no assassinato do empresário Wenceslau Leobas, 77 anos, em janeiro deste ano. Após a conclusão do inquérito policial, ele foi denunciado pelo MPE acusado de ser o mandante do crime. Dois homens estão presos acusados de praticar o crime.

O empresário disse em nota que não praticou crime algum e que não conhece os envolvidos na morte de Wenceslau Leobas.

Durante as escutas telefônicas, a polícia descobriu o envolvimento dele com a prática de cartel.

“Nossa intenção era apenas delinear o mandante do crime que vitimou o senhor Vesceslau, mas as interceptações telefônicas autorizadas judicialmente mostraram que o senhor Duda tinha uma articulação política e financeira muito grandes com algumas pessoas que têm foro privilegiado na capital”, disse o delegado Hudson Guimarães.

Em um dos áudios, Duda conversa com o ex-vereador da capital, Ivory de Lira, sobre a possibilidade de convencer o prefeito de Palmas a não acatar o pedido do Ministério Público Estadual, em alterar uma lei que pode favorecer a concorrência de postos de combustíveis.

Ivory: Companheiro Duda!
Duda: Fala, Ivory!
Ivory: Ta bão? Deixa eu te falar.
Duda: Tudo! Hum…
Ivory: Ontem eu tive uma reunião com os vereadores aí, para tratar de assuntos políticos, sabe?
Duda: Hum…
Ivory: E aí, lá saiu a conversa… o prefeito está revogando a lei da… que regulamenta a distância de dois mil e quinhentos. Olha isso aí, tá?
Duda: É, ele me chamou para falar sobre isso.

Nesta terça feira, Carlos Amastha prestou esclarecimentos na Delegacia de Investigações Criminais em Palmas. Durante duas horas, ele conversou com um delegado. Amastha não é investigado. Os esclarecimentos dele vão ser enviados para o MPE. Ele negou qualquer envolvimento com Duda.

“Eu encaminhei um projeto de lei ao Legislativo para derrubar aquela história do raio. Eu não admito que bandidos coloquem meu nome na sua boca. Eu não entrei na política para isso”, afirmou.

O ex-vereador Ivory de Lira disse que não sabe qual é a relação do presidente do Sindiposto com o prefeito de Palmas. Informou também que manteve apenas uma conversa informal com um representante de importante classe sindical. Ivory destacou ainda que não é investigado ou denunciado neste procedimento criminal.

O deputado estadual Valdemar Júnior (PMDB) também foi mencionado durante as investigações. Em outro áudio, Duda e uma pessoa falam sobre a atitude do parlamentar de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o cartel de postos de combustíveis em Palmas. O presidente do Sindiposto sugere que Valdemar Junior estaria querendo benefícios em troca.

Duda: O que eu não aguento é hipocrisia. É isso que eu não aguento. Um cara desse para mim é um puro hipócrita.
Interlocutor: É, mas isso…
Duda: Maior bandido que tem, entendeu?
Interlocutor: Ele é chantagista, pode preparar que ele é chantagista.
Duda: É, eu sei disso
Interlocutor: Vai querer benefício em troca.
Duda: É tudo bandido corrupto esse povo. Isso sim que ele é!

Por telefone, o deputado estadual Valdemar Júnior disse que propôs aos deputados a abertura de uma CPI devido ao sentimento negativo da sociedade palmense em pagar gasolina mais cara do que nas cidades vizinhas. Disse ainda que é um direto do presidente do Sindiposto se expressar e ter a opinião que quiser.

Em uma escuta telefônica já divulgada pelo G1, o presidente do sindicato fala com Neizimar Cabral (a quem chama de Leidimar), chefe de fiscalização do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) no Tocantins, e chega a ameaçar um dos fiscais do órgão.

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