Quatro agentes foram levados para presídio de segurança máxima no sul do estado. Polícia Federal investiga duas dezenas de mortes entre os anos de 2019 e 2020.
A audiência de custódia dos cinco policiais civis suspeitos de integrar um grupo de extermínio será realizada na tarde desta quinta-feira (23). Eles foram presos durante a operação Caninana, da Polícia Federal, nesta quarta-feira (22). Segundo as investigações, a milícia seria responsável por pelo menos duas dezenas de mortes entre 2019 e 2020.
Segundo a investigação, o suposto grupo agia dentro da Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc) e usava os carros da própria delegacia para matar as vítimas. Quatro suspeitos foram presos no estado e o quinto se apresentou à PF no Rio Grande do Sul.
Os presos no Tocantins foram encaminhados para o presídio de segurança máxima em Cariri, no sul do estado. A defesa deles pediu que ficassem detidos na carceragem da PF em Palmas, mas o pedido foi negado pelo colegiado de juízes do Tribunal de Justiça (TJ), que autorizou a operação, e acompanha o caso.
Eles estão em celas separadas e a defesa informou que vai entrar com um recurso no TJ para que eles voltem para Palmas.
O quinto agente que teve a prisão decretada se apresentou à polícia em Gramado (RS), onde estava tirando férias. Ele está detido da superintendência da PF de Porto Alegre e deve ser transferido para o Tocantins até sexta-feira (24).
A prisão de todos é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. Dois delegados também tiveram a prisão requisitada pela Polícia Federal, mas o pedido foi negado pela Justiça.
Investigação
A Polícia Federal cumpriu, nesta quarta-feira (22), mandados de busca e apreensão em uma operação para investigar um suporto grupo de extermínio dentro da Polícia Civil. As ordens de busca estão sendo cumpridas em dez endereços de agentes e delegados ligados à Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos de Palmas (Denarc).
A operação, denominada como Caninana, foi autorizada pelo colegiado de juízes do Tribunal de Justiça do Tocantins. Também foram autorizadas 14 medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais estão a suspensão da função pública dos investigados.
A investigação apontou que o grupo foi responsável por até duas dezenas de assassinatos praticados entre 2019 e 2020 no estado do Tocantins. A PF concluiu que a Denarc estava usando o aparato estatal para grampos ilegais, plantar drogas falsas, servir o governo e fazer limpeza social com um “código penal próprio”.
O grupo supostamente usava veículos a serviço da própria delegacia para cometer os assassinatos. Um dos episódios investigados aconteceu no dia 27 de março de 2020, quando cinco pessoas foram mortas com indícios de execução no setor União Sul e Jardim Aureny I, no sul de Palmas.
O que diz a defesa dos investigados e a Polícia Civil
O advogado que representa os investigados, Antônio Ianowich, afirmou que todos os agentes investigados estão se apresentando espontaneamente para dar cumprimento aos mandados de prisão.
“Nós não vamos comentar ainda o teor das acusações, primeiro porque não tivemos acesso aos altos. Vamos primeiro analisar do que eles estão sendo acusados, mas deixando claro que nenhum deles está se negando ou fugindo da atuação da Justiça. Todos cumprirão as decisões judiciais. Após termos acesso aos autos, respeitando o sigilo, a defesa vai se manifestar sobre o assunto”, afirmou o advogado.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que a Corregedoria-geral da Polícia Civil está acompanhando a operação e deve se manifestar em tempo oportuno.