Documento foi concluído com um resumo do crime e relatos das testemunhas. Caso foi registrado no início do ano em Formoso do Araguaia, na região sul do estado.
O inquérito sobre a morte do jovem Wilque Romano da Silva, de 19 anos, foi concluído pela Polícia Civil e enviado ao judiciário. O G1 teve acesso ao relatório, que não teve pedido de indiciamento de nenhum dos policiais.
Em um trecho do documento, um dos PMs afirmou que o rapaz não atirou contra a viatura. O inquérito aponta ainda, que um exame toxicológico feito na vítima deu positivo para o uso de cocaína.
O rapaz foi morto com um tiro nas costas na noite de 3 de janeiro, em Formoso do Araguaia, na região sul do Tocantins. A Polícia Militar disse na época que os policiais atiraram após o jovem reagir e tentar sacar uma arma. Parentes da vítima disseram que ele não tinha arma.
A delegada informou que o caso está sob sigilo de justiça e por isso não pode dar detalhes. “O que podemos informar é que todas as armas recolhidas foram periciadas e deram positivo para uso recente. Além disso, o exame toxicológico deu positivo”, informou a delegada.
O documento traz o resumo de todos os depoimentos ouvidos durante as investigações e nenhuma testemunha disse ter visto o jovem armado. O sargento Rick Bueno, um dos policiais que estava na abordagem, inclusive, afirmou que o rapaz não atirou contra a viatura.
O soldado Leandro Marques de Castro, que atirou na vítima, confirmou durante depoimento que os dois tiros dados no local foram disparados por ele.
Por outro lado, uma testemunha afirmou que viu quando dois policiais pegaram a carteira da vítima, um celular, um isqueiro. Segundo o homem, “o policial foi até a viatura e pegou uma sacola, calçou as luvas e novamente foi até a viatura, voltando com uma outra sacola enrolada, tipo com um objeto dentro, e colocou em cima do corpo”.
Outro lado
O Ministério Público informou que a denúncia chegou ao MPE na última terça-feira (13). O promotor agora deve analisar o inquérito e decidir se oferece a denúncia ou se vai precisar de mais diligências.
A PM informou, em nota, que os policiais envolvidos no fato não foram transferidos e permanecem trabalhando no serviço administrativo da unidade. “Ao final do inquérito policial, a administração militar seguirá o disposto na lei, com retorno ou não dos profissionais à atividade-fim da PM.”
O G1 questionou sobre os novos depoimentos prestados pelos policiais, mas a polícia disse o inquérito feito pela Policial Militar está em fase de conclusão. “Encerrada essa fase de apuração, os autos serão remetidos ao Ministério Público, a quem compete na forma da lei o oferecimento da denúncia ou o pedido de arquivamento”, diz nota.
“Sem a conclusão dos inquéritos, tanto da civil quanto da militar, é precipitado e irresponsável emitir pareceres ou posicionamentos.”
Entenda
O médico legista fez o exame no corpo, disse que o tiro foi dado pelas costas. Um vídeo foi feito com um celular assim que um morador do bairro ouviu o tiro. Ele ficou atrás de uma árvore, a poucos metros dos policiais.
As imagens mostram Wilque no chão e um policial militar da Força Tática abaixado. Os policiais mexem na cena do crime usando luvas descartáveis e um deles aparece com uma sacola de plástico. Ele se aproxima do corpo e não dá para ver o que faz. Em seguida, caminha para a viatura com a sacola e volta sem nada.
A PM apresentou uma arma como sendo do jovem, mas a família dele nega que o rapaz possuísse a arma de fogo. Para os parentes, o jovem foi perseguido pela polícia depois de empinar uma motocicleta. De acordo com eles, mesmo após o jovem pedir para não atirarem, ele foi atingido pelas costas.