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Na Aldeia Canuanã, Ilha do Bananal, meninos se tornam adultos no ritual Hèrèrawo

Fomento à cultura originária fortalece a tradição ancestral e a identidade do povo Javaé

Em mais uma semana de ritual do povo Javaé, a Aldeia Canuanã, em Formoso do Araguaia, na Ilha do Bananal, realiza a passagem de cinco meninos para a vida adulta com o ritual Hèrèrawo. A Secretaria de Estado de Povos Originários e Tradicionais (Sepot) se fez presente para dar apoio a esse momento de alegria para as famílias, com o objetivo de valorizar costumes e tradições da população indígena.

Dentro do Hèrèrawo, a “casa pequena”, os adolescentes passam pela cerimônia de transição para a vida adulta. Durante a festa, os espíritos da mata, chamados de “aruanãs”, rodeiam a casa e pronunciam cânticos. Vestidos com indumentárias feitas de palha de palmeira que envolvem seus corpos e rostos, ornamentados com adereços coloridos e penas na cabeça, eles representam animais.

Assim como o Hetohoky, a “casa grande” venerada pelo povo Iny (Karajá, Karajá-Xambioá e Javaé), no Hèrèrawo os aruanãs conduzem os adolescentes a participarem ativamente das atividades do ritual. Os jovens são instruídos sobre a cultura Javaé, suas tradições e valores, recebendo lições de disciplina e respeito ao longo de todos os dias da cerimônia cultural. Ao encerramento do evento, eles participam de rituais simbólicos, como o banho no rio, a remoção das penas usadas durante a cerimônia, o corte e cuidado com os cabelos. Finalizando, realizam a pintura corporal, transformando-se em adultos guerreiros.

Ao todo, 200 pessoas trabalham diretamente para a passagem dos adolescentes, envolvidos desde a alimentação até o alojamento. A cerimônia cultural é organizada pelo chefe da manifestação Edivaldo Iddjriwé Javaé com o apoio das famílias. “Essa festa é um chamado ancestral, sempre bem organizada. Aqui temos meninos de 12 a 18 anos, passando para a fase adulta”, explicou.

Amauri Asuiri Javaé tem um filho participando do rito e afirmou que o Hèrèrawo é um momento de valorização da cultura, que muitas vezes se vê ameaçada pelo consumo de álcool e drogas facilitados no contato com a população do entorno que tem outra forma de ver e encarar o mundo. “Essa passagem é uma oportunidade para a gente valorizar a nossa cultura. É uma das únicas manifestações do nosso povo que se mantém viva até hoje. Então não devemos esquecer da nossa cultura. Uma forma de realizar isso é trazendo nossos filhos para partifipar”, acrescentou.

Iracema Xiwatihy Javaé é mãe de um dos meninos que participaram do ritual. Para ela, a expectativa diante do Hèrèrawo é muito grande. “É um momento de alegria. A gente espera uma mudança de comportamento e (que) contribua para a comunidade”, informou, explicando que esse momento também preocupa, pois é uma fase que eles passarão a ter mais responsabilidade, por terem se tornado homens a partir de então.

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