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‘Me sinto impotente’, diz mãe que sofre por ter filho desaparecido há quase dois anos

Parentes de vítimas assassinadas também sofrem e cobram solução dos casos.

“Me sinto impotente de não saber onde meu filho está”. A lamentação é de Tânia Ribeiro, que há quase dois anos sofre por ter um fillho desaparecido. Bruno Jales Ribeiro sumiu em outubro de 2018 em Palmas e só o carro dele foi encontrado. A mãe disse que as investigações da polícia não indicam nenhuma pista.

Tânia diz que tem cobrado informações da polícia, mas mesmo assim não recebe nenhuma resposta e precisa lidar com a saudade do filho e com a falta de notícias.

“No dia 22 de outubro já vão fazer dois anos que meu filho desapareceu. Vivo atrás das autoridades, vivo tentando, mas até hoje nada”, disse Tânia Ribeiro.

Mas a situação de Tânia não é única. Muitos familiares de pessoas desaparecidas ou assassinadas no Tocantins também sofrem por falta de conclusão das investigações. Segundo a Polícia Civil, nem sempre há elementos suficientes para que os casos sejam solucionados rapidamente.

Moisés da Sercon, que era prefeito de Miracema do Tocantins, foi assassinado em agosto de 2018 com um tiro na cabeça. Mesmo após dois anos, o caso segue sem solução. Cansada de esperar, a família chegou a contratar detetives particulares para investigar homicídio.

Segundo Fidel Costa, irmão de Moisés, a última informação que os parentes tiveram é que uma força tarefa foi montada pela Polícia Civil para esclarecer os fatos.

“Para família é a pior dor que existe. Qualquer perda traz dor, mas a dor do assassinato é maior por causa da incerteza. É doloroso, angustiante ficar esperando para saber o que aconteceu, porque e qual a motivação do crime”, disse Fidel Costa, que cobra justiça.

A morte do adolescente Leandro Rocha da Cunha de 16 anos também segue sem desfecho. Ele foi atropelado por uma viatura da Polícia Militar em março de 2019. O laudo pericial apontou que os policiais alteraram local de acidente. Agora o caso está na justiça aguardando denúncia do Ministério Público Estadual.

De acordo com os dados do Governo do Estado, o número de mortes violentas subiu. De janeiro a junho de 2019 foram registrados 186 homicídios e no mesmo período deste ano o número de mortes chegou a 209. Em todo o ano de 2019 foram registradas 269 ocorrências de pessoas desaparecidas. Em 2020 já são 118 casos.

O advogado criminalista Maurício Haeffner explica que em casos de homicídios a polícia pode pedir mais tempo para apresentar uma conclusão. “São investigações complexas. Normalmente depende de vários laudos, várias análises. Às vezes não se tem elementos suficientes para indicar a autoria, ou uma deficiência estrutural, mas não é má vontade dos agentes policiais que participam das investigações”, disse.

O que diz o Governo do Estado

A Superintendência da Polícia Científica, no âmbito da Polícia Civil do Tocantins, informa que todos os 139 municípios do Tocantins são atendidos pela Perícia Criminal e que em sua estrutura estão presentes unidades laboratoriais nas áreas de Computação e Balística, assim como em Análises Criminais, com os Laboratórios Forenses de Toxicologia, Química, Biologia e Genética.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) lamentou pela dor das famílias que perderam parentes para a violência e explicou que casos complexos levam tempo para ser esclarecidos. A SSP disse que no primeiro semestre de 2020 instaurou 114 inquéritos e que finalizou 55. Já em 2019 foram 174 instaurados e 64 finalizados.

Sobre o caso de Moisés da Sercon, a secretaria informou que a família da vítima foi recebida em uma audiência e que a polícia reafirmou o compromisso em concluir o inquérito dentro do tempo necessário.

O que diz o Ministério Público Estadual

Com relação ao inquérito remetido pela 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa, o Ministério Público do Tocantins informa que ofereceu denúncia criminal, no dia 21 de janeiro de 2020, em desfavor de José Francisco da Silva Filho e Silvestre Vieira de Farias Filho e o processo tramita na 1ª Vara Criminal da Capital.

Na denúncia, o MPTO requer que os réus sejam levados a Júri Popular, devendo Silvestre Vieira de Farias Filho responder pelos crimes de homicídio e fraude processual e José Francisco da Silva pelo crime de fraude processual.

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