As educadoras Deiby Jubiely de Miranda, de Colinas, e Kátia Macedo da Silva, de Palmas, compartilham suas experiências com a maternidade e os desafios profissionais
Ser mãe e exercer uma atividade na educação tem sido o desafio das servidoras Deiby Jubiely de Miranda, diretora da Escola Estadual Lacerdino Oliveira Campos, em Colinas do Tocantins, e Kátia Macedo da Silva, diretora da Escola Estadual Vale do Sol, em Palmas. Elas cuidam dos seus filhos, dedicam atenção aos alunos, e ainda, têm tempo para realizar uma ação extraordinária. Deiby é mãe acolhedora, cuida de crianças que sofrem maus tratos e Kátia dá atenção a animais de rua.
A história de Deiby encanta pela coragem e determinação. Durante o percurso da vida, nasceu em seu coração o desejo de ajudar outras pessoas. A educadora adotou duas crianças, João Felipe de Miranda, 10 anos, e Moisés Ezequiel de Miranda, 14 anos. Mas, não é só isso, Deiby também se cadastrou para ser uma família acolhedora de crianças que sofrem maus tratos. E atualmente, ela está cuidando de três crianças: de três meses, 9 anos e outra de 12 anos.
Deiby nasceu em Ceres, Goiás, e reside em Colinas do Tocantins desde 2001. “Meu sonho sempre foi ser professora. Hoje sou diretora da melhor escola do Tocantins. Sou muito preocupada com a educação dos meus filhos. Eles seguem uma rotina de estudos e cuido para que eles durmam bem e no horário certo. Meus filhos são o que eu tenho de mais valioso nesse mundo”, contou.
A educadora Deiby compartilha a sua experiência de realizar ações louváveis. “Como família acolhedora já acolhi e acolho várias crianças que sofrem maus tratos. As crianças permanecem comigo durante o tempo necessário para que seja organizada a situação de reinserção junto à família ou serem encaminhadas para a adoção. Durante o tempo que permanecem em minha casa, eu me esforço para que todos se sintam bem e integrados em toda a rotina da casa. Eu converso, educo e amparo com muito amor”, contou.
Deiby explicou que conciliar as atividades profissionais com a de mãe é um desafio diário. “O que mais me impulsiona é o fato de saber que posso colaborar com o crescimento dos meus alunos e filhos. Como diretora, eu tento acolher todos os alunos, dando atenção aos seus sentimentos e necessidades, desde educacionais até afetivas. Busco conhecer a realidade de cada um, para ajudá-los nesse caminhar de desenvolvimento pessoal e profissional. E sou muito feliz por ser mãe e educadora”, frisou.
Administradora do tempo
A diretora Kátia, tem a prática de multiplicar o seu tempo, ela cuida dos seus três filhos, da chácara onde mora, acolhe animais de rua e, atualmente, é gestora de uma escola com 503 alunos. Ela é mãe de Zilvar Macedo da Silva Neto, 21 anos, estudante do curso de Física na Universidade Federal de Goiânia e de Miguel Macedo da Silva, 14 anos, um adolescente que estuda e trabalha. E de Mariana Pereira Santos, 11 anos, uma criança esperta, que na realidade é filha biológica de agricultores e foi adotada por Kátia com muito amor.
Kátia sempre gostou da terra, o seu sonho era cuidar de gado leiteiro, o seu primeiro curso foi Zootecnia. Mas, um dos seus filhos foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), Kátia acabou decidindo cursar Pedagogia, para compreender e ajudar melhor o filho. E gostou tanto, que também fez pós-graduação em psicopedagogia, em orientação educacional e gestão escolar. “Eu me apaixonei pela educação por causa do meu filho Zilvar Neto, larguei o meu sonho de ser zootecnista, me apaixonei por ser educadora. Eu descobri que ser mãe é também abdicar de algum sonho pessoal para viver experiências maravilhosas com os filhos”, ressaltou.
Como a educadora Kátia desenvolveu um amor especial pelos animais, ela é bem ativa, quando se refere a cuidar dos animais que são abandonados. “Eu tiro uma porcentagem do meu salário para comprar ração e faço doações. Atualmente, tenho uma cachorra e quatro gatos, resgatados. Eu também ensino os meus filhos a dedicarem atenção especial aos animais”, contou.
Kátia foi aprovada no concurso da Secretaria da Educação em 2010, e veio para o Tocantins, trabalhar na educação e ficou tão inspirada que também cursou Biologia, pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), e desde então, ela desempenha com maestria todas as funções assumidas. Quando foi aprovada no concurso, Kátia trabalhava na fazenda Brasília, no município de Inaciolândia, Goiás.
“Deus te fez para educar e acolher pessoas”
Quando veio ao Tocantins, Kátia foi trabalhar na Escola Estadual Frei Savino, localizada no distrito de Natal, um assentamento rural, no município de Araguatins. Lá, ela morou por dois anos, e como tinha conhecimentos em zootecnia, passou a colaborar com a comunidade local, fazendo parte da Associação de Moradores e ajudar nos projetos de irrigação e em hortas.
E no distrito de Natal, a educadora Kátia fez a diferença, montou uma biblioteca em sua casa e passou também a incentivar a leitura e contato com os livros, principalmente com os estudantes provenientes de lugares mais distantes.
Kátia nasceu em Goiânia, no setor Coimbra, filha do delegado de polícia federal Zilvar Macedo e da dona de casa Creuza Maria, que faleceu de Alzheimer, no ano passado. “Eu me sinto tocantinense, aqui vivi muitas experiências maravilhosas. Uma conversa com a minha mãe me marcou muito. Antes dela perder suas memórias, eu falei para ela, do meu desejo de cuidar das vacas e bezerros e trabalhar numa fazenda em Goiás ou em São Paulo. A minha mãe com muita emoção me falou: “Deus te fez para educar e acolher pessoas e não para cuidar de gado e fazendas. Ter optado pela educação me trouxe muitas alegrias, experiências e satisfação”, pontuou.