Cai taxa de ocupação no HGP em maiores hospitais: demanda grande ainda é no infantil. Num universo em que a oferta na saúde pública está sempre abaixo da demanda, respira-se novos ares no Tocantins
O Tocantins respira ares melhores numa área de sangria desatada, e que gera manchetes negativas em todo País: o atendimento do SUS na rede estadual.
Na segunda da semana passada, após o secretário de Saúde comparecer à Assembléia Legislativa para prestar conta dos investimentos nesta área feitos ano passado, o painel que controla a taxa de ocupação nos hospitais do Estado apresenta apenas três gargalos.
Hospital público não pode fechar as portas. É paciente entrando o tempo todo, que não pode ser “devolvido” para nenhum lugar. Esta é a realidade que vinha gerando filas, gente amontoada pelos corredores e pacientes esperando eternamente por cirurgias eletivas. Não está no relatório da prestação de contas, mas nos bastidores, a espera que chegava a 45 dias, caiu para sete, no máximo para cirurgias de urgência.
Defensoria registra melhora no atendimento do HGP
Nesta segunda-feira, por exemplo, a taxa de ocupação do Hospital oscilava entre 80 e 81%, atrás do Hospital Regional de Araguaina, com 98/88%. E seguida do Hospital de Gurupi, que exibe 71% de taxa de ocupação. Lembrando que as obras do Hospital Geral de Gurupi seguem com recursos estaduais por enquanto.
Um dado importante, que deve servir de base para o planejamento das ações do Estado, é que nove hospitais regionais estão com taxa de ocupação abaixo de 50%. Interessante que o atendimento seja mantido neles, e com qualidade, a fim de não sobrecarregar o HGP.
Investimentos acima da casa dos 16%
O governo Mauro Carlesse – cujo governador frequenta o HGP com alguma frequência em visitas de verificação – avançou em dois flancos: reduziu despesas (mais de R$ 14 milhões com plantões extras) e aumentou o abastecimento de medicamentos (que saltou de 72% no começo de 2019 para 90% no final do ano). Os números sempre contam uma história. No nosso caso, investimentos que obrigatoriamente são de 12% avançaram acima da casa dos 16%. O governo autorizou mais de R$ 190 mil em serviços acima do orçado. Empenhou 89,57% do autorizado. Liquidou 97,23% do empenhado. E pagou mais de R$ 1 bilhão e 465 mil, num orçamento de R$ 1 bilhão, 566 mil reais.
Quem não se lembra da constante falta de medicamentos e insumos básicos movimentando as pautas da imprensa no HGP?
No item cirurgias eletivas, o aumento é considerável. Registradas 5.844 cirurgias eletivas no ano. Uma das diferenças notáveis é o aumento do número de salas cirúrgicas. Há quatro anos, por exemplo, podia ter profissionais, mas com apenas duas salas cirúrgicas, ficava difícil atender a demanda.
O Estado conseguiu também, com a realização de cirurgias cardiopediátricas em Araguaína, uma economia considerável nos custos de transferências de pacientes. Que se davam sempre em UTI’s pediátricas caríssimas. Não que a vida tenha preço. Mas um pouco de investimento e planejamento nesta área, ajuda muito.
Vale dizer o quanto Araguaína tem se tornado uma referência em Saúde Pública, com o avanço desses atendimentos especializados.
Em Palmas, além das dez salas cirúrgicas, o HGP ganhou mais um leito de UTI pediátrica. Pode parecer pouco, mas é um avanço. E de pouco em pouco se vai ao longe.
A impressão que fica é que sem muito alarde, o governo vai assumindo o controle de uma área muito melindrosa. Difícil de se administrar em todo País, que é o atendimento gratuito à saúde.
A sensação gradativa é de alívio, e de que com esforço as coisas podem sair do caos para o controle na saúde pública.
Um ponto muito positivo que mostra presença e preocupação do governo.
Resumindo: melhorou. Há muito que avançar, como os números mostram, na área de atendimento a gestantes e crianças. Um desafio para os próximos meses.
A diferença é que agora, a gente sabe que dá pra fazer.