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Famílias são retiradas de acampamento e barracos incendiados na zona rural de Palmeirante

Ocupação existe há cinco anos e mais de 20 famílias foram retiradas. Pedido foi feito por um fazendeiro que alega ser dono da terra, mas MPF diz que área pertence à União.

Mais de 20 famílias foram retiradas do acampamento Maria Bonita, na zona rural de Palmeirante. A desocupação aconteceu após a 1ª Vara Cível de Colinas do Tocantins determinar a reintegração de posse em parte da área que um fazendeiro alega ser dono. Imagens gravadas pelos trabalhadores rurais mostram o momento em que as pessoas estavam sendo retiradas e alguns barracos incendiados.

O acampamento existe há cerca de cinco anos e de acordo com a associação que representa os moradores, são cerca de 100 famílias vivendo na região. O grupo afetado pela decisão judicial começou a ser retirado ao longo desta semana. Muitas pessoas não têm para onde ir em plena pandemia.

“Eu sempre tinha o sonho de ter uma terra, ter um pedacinho de terra para gente plantar. A gente gastou muita coisa, investi muito. O pouquinho que a gente tinha investiu em mamão, maracujá. Tudo produzindo quase. Mandioca. Aí chegam e destroem tudo”, disse o trabalhador rural Neito Siqueira.

A família do Antônio José só conseguiu salvar algumas roupas e colchões. O que restou ele levou para um barraco cedido por um amigo.

“O que eu construí não foi muita coisa, mas para mim que sou pobre foi muita coisa. Eu tinha uma roça boa de mandioca, tinha um pouquinho de arroz, uma rocinha de feijão. Muitas mudas de banana plantadas. Tinha gente além do que eu que tinha roça de banana já produzindo. Outras pessoas perderam arroz porque não teve tempo de tirar”, disse o Antônio José.

Segundo os trabalhadores, algumas famílias que viviam fora da área da determinação judicial também foram obrigadas a abandonar as casas. Segundo eles, a terra é propriedade da União.

“Foi uma injustiça que fizeram com a gente porque nós não estávamos na área que era para reintegração. Aí resolveram tirar todo mundo”, disse a trabalhadora rural Cirene Martins.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos manifestou preocupação com o despejo dos moradores em meio a pandemia de Covid-19. A Prefeitura de Palmeirante chegou a pedir que a reintegração fosse adiada para que pudesse criar um plano de realojamento dessas famílias.

O Ministério Público Federal afirmou que corre na Justiça Federal uma ação civil pública que trata da disputa da mesma área. No processo ficou reconhecida que a terra pertence à União.

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