A equipe Sarapatel de Cores passou pelas seis fases iniciais da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) e vai representar o Tocantins na final, em São Paulo
Com a história de Dina, a guerrilheira do Araguaia que se destacou ao enfrentar a repressão e lutar pela democracia, na região do Bico do Papagaio, a equipe Sarapatel de Cores, do Colégio da Polícia Militar João XXIII – Unidade X, de Colinas do Tocantins, chegou à fase final da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), que ocorrerá em agosto, em Campinas (SP).
A equipe tocantinense é formada pelas alunas do ensino médio: Joana D´ark, Flávia Junqueira, Adryelle Rodrigues e pela professora de história e orientadora, Aletícia Rocha da Silva.
Defensora da educação pública, a professora Aletícia Rocha é formada em história pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e ingressou na rede estadual de ensino em 2010, na Escola Estadual Rezende de Almeida, em Itapiratins, onde, em 2013, participou pela primeira vez da Olimpíada Nacional em História do Brasil e já levou uma equipe para a final. Desde então, apenas em 2018 não participou da ONHB.
“Seja trabalhando em Itapiratins ou aqui em Colinas, tenho visto que a educação pública é capaz de mudar a vida das pessoas. Sinto-me orgulhosa em perceber a motivação dos alunos durante a longa jornada de preparação, com estudos e discussões. Ver a equipe selecionada após tanto esforço é resultado de todo o empenho e dedicação”, comemorou a professora.
Do campo para cidade. Essa foi a saga da estudante da 2ª série, Flávia Heloisa, de 16 anos. “Sempre estudei em escola pública e pude presenciar a escola da zona rural e da zona urbana. Essa é minha segunda participação na ONHB, sendo a primeira com a orientação da professora Aletícia. Antes, não me interessava muito por história, mas depois do meu primeiro contato com a ONHB, me apaixonei”, destacou.
Inspirada pela mãe, a estudante Joana D’ark Lima, de 16 anos, também da 2ª série do ensino médio, tem como lema de vida o esforço e a dedicação. “Isso foi e sempre será de extrema importância, pois desperta em mim a vontade e o desejo de aprender. Agora estamos vivenciando um momento único, que foi fruto de muito esforço e trabalho em equipe”, ressaltou.
Para Adryelle Rodrigues, de 17 anos, da 3ª série do ensino médio, participar das Olímpiadas já está virando uma tradição de família. “História sempre foi minha matéria preferida desde o ensino fundamental, apenas aprimorou-se com os anos, principalmente quando conheci a ONHB através da minha irmã, que teve a oportunidade de participar da final também. Desde então, já é a terceira vez que participo”, contou.
Personagem
De acordo com a professora Aletícia Rocha, a equipe formada por quatro mulheres não poderia fazer um caminho diferente em suas pesquisas que não fosse o de homenagear uma figura feminina e esquecida pelas páginas da história. Assim, a escolhida foi Dina (Dinalva Conceição Oliveira Teixeira), uma líder feminina que lutou pelos seus ideais até a morte.
A pesquisa realizada pela equipe aponta que Dina era natural de Argoim (BA) e chegou à região do Bico do Papagaio junto com o marido, Antônio Carlos Monteiro, em 1970. Na região, Dina se destacou pela bravura, coragem e habilidades ao enfrentar a repressão e lutar pela democracia. Os militares visavam capturá-la, mas por possuir total conhecimento da região, ela sempre escapava das perseguições, sendo capturada em 1974, quando já estava enferma e debilitada.
Conduzida à base militar de Xambioá (TO), ela foi torturada para que revelasse os planos dos guerrilheiros, mas permaneceu em silêncio. Em julho do mesmo ano, os militares resolveram executá-la. Sabendo que seria morta, Dina fez seu último pedido: que a deixassem morrer de frente para seu executor. Assim foi feito. Até hoje seu corpo não foi encontrado.
Olimpíada
A participação na ONHB ocorre por meio de equipes formadas por um professor de história e três alunos, que podem estar matriculados nos 8º e 9º anos do ensino fundamental ou em qualquer série do ensino médio, de escolas públicas ou particulares. A Olimpíada possui seis fases on-line, com duração de uma semana cada. As questões de múltipla escolha e realização de tarefas foram respondidas pelos participantes por meio de debate com os colegas, pesquisa em livros, internet e orientação do professor.
A final da 11ª edição será realizada nos dias 17 e 18 de agosto, na Unicamp, em Campinas-SP. No primeiro dia, as equipes realizam, presencialmente, a prova dissertativa, durante a manhã. Neste momento, os professores participam de uma palestra ministrada por um convidado. O resultado é comunicado no dia seguinte em uma cerimônia festiva em que são distribuídas 15 medalhas de ouro, 25 de prata e 35 de bronze, de acordo com a pontuação. Os demais recebem medalhas de honra ao mérito.
Neste ano, medalhistas de ouro e prata da 11ª ONHB poderão concorrer a duas vagas no curso de graduação em História da Unicamp. A oportunidade foi uma deliberação do Conselho Universitário (Consu) em parceria com a coordenação da ONHB e faz parte do edital de “Vagas Olímpicas”, implantado de forma inédita em 2018 com o objetivo de ampliar o acesso à universidade.