Para o Comandante Geral da Polícia Militar, Cel. Glauber de Oliveira Santos, os desarranjos sociais são os principais responsáveis pela insegurança na sociedade brasileira. “muitos dos limites sobre o que é certo ou errado se perderam”, diz o comandante, referindo-se aos que cometem infrações.
O Cel. Glauber de Oliveira Santos entende que toda a sociedade, de certa forma, é responsável pelo que está acontecendo de ruim. “A Polícia Militar é um dos integrantes do sistema de segurança pública, mas todos são responsáveis”, diz. Ele deixa a entender que família, igreja, lei, governo, entidades em geral todos têm uma parcela a cumprir. E muitos estão pecando, ou por ação ou por omissão. Para o comandante, a imprensa precisa fazer as mesmas indagações sobre o momento de insegurança para outras instituições públicas também. “Não estamos jogando a toalha, estamos arriscando a vida todos os nossos militares no dia a dia. Quem está fazendo isso a não ser o policial militar?”, indaga.
Glauber esclarece que a cobrança maior é sobre da PM porque ela está exposta na atividade que lhe cabe. “O policial fica na rua, está fardado, facilmente identificado e trocando tiros com o bandido. Mas a PM não é a única responsável pelos problemas de segurança pública”, reforça.
No ano passado, informa o comandante, foram presos seis mil e trezentos infratores. “Garanto a você que destes não tem 100 presos”. E Glauber não vê culpa no Judiciário. Para ele, o juiz é escravo da lei, apenas cumpre o que está previsto. “Daí o cidadão sai da prisão e retorna para a sociedade sem ocupação”, critica o comandante. “Permanece desempregado, consome mais drogas e parte novamente para o crime”, afirma.
Glauber lembra o caso de um rapaz que matou a mãe em Araguaína por causa de drogas; e outro mais recente, que aconteceu em Figueirópolis. “Aqueles dois cidadãos que trocaram tiros com a PM (em Figueirópolis) e foram alvejados, um deles tinha acabado de ser solto, mas havia cometido um latrocínio, ou seja, havia matado para roubar. A vida não tem qualquer valor para ele”. É neste aspecto que o comandante entende serem necessárias reformulações na lei penal.
Efetivo
O comandante acredita que o principal problema da PM tocantinense hoje é o baixo efetivo. “Muitos policiais estão completando tempo de serviço e indo para a reserva”, diz. “E o Estado não se preparou para esta situação”, diz, referindo-se ao Tocantins. Glauber afirma que o comando está tentando recuperar o efetivo que está perdendo. “Ficamos nove anos sem fazer concurso. Agora estamos preparando concurso para 1000 novos soldados e previsão de 30 oficiais”, diz.
“Mas tudo é um contexto. Não adianta só aumentar o efetivo da polícia. Tem que pensar em preparar estas pessoas que estão presas para voltarem à sociedade. Eu credito muito dos casos de violência ao consumo drogas”, afirma o comandante. Ou seja, além de trabalhar com os presos para ressocializá-los é preciso intensificar o trabalho de prevenção ao uso de drogas entre adolescentes e jovens antes deles cometerem qualquer delito. “E isto é problema de saúde pública”.
O comandante alerta ainda que é preciso melhorar e aumentar a frota de veículos, mas sabe que todos estes investimentos dependem de recurso, e o governo não pode fazer além de suas condições. “A frota, por exemplo, só poderemos melhorá-la após o concurso e o curso de formação”, diz. “Estamos trabalhando para que o concurso aconteça ainda neste ano”, confirma.
Sobre Gurupi
O Cel. Glauber afirma que todos os esforços estão sendo feitos para colocar a PM nas ruas de Gurupi. Ele garantiu que os policiais estão trabalhando bastante, em horário extra (na folga) para cumprir sua obrigação constitucional. “Não há qualquer culpa da PM pelo que está acontecendo em Gurupi, e temos excelentes policiais no 4º BPM”.
O ‘saidão de páscoa’, que colocou na rua mais de 40 presos em Gurupi é um direito, mas o comando da PM duvida que isto esteja trazendo benefício para alguém. Para ele, estes apenados na rua sem dinheiro, alguns até sem família na cidade, nem podem aproveitar da saída para cumprir o objetivo do benefício. “Não posso afirmar que eles são os responsáveis pelos crimes que aconteceram nestas últimas horas, mas alguns não tinham dinheiro sequer para tomar um refrigerante. E os crimes aumentam nestes dias. Seria coincidência?”, indaga.
O comandante afirma que está buscando policiais em outros órgãos, remanejando dentro da instituição. No caso do 4º BPM, assim como em todas as demais unidades, estão sendo deslocados policiais de unidades especiais para atuarem no operacional. “Mas tudo é paliativo. Precisamos mesmo é recuperar nosso efetivo”, assegura Glauber.
Medidas
O comando da PM, enquanto não consegue aumentar o efetivo, está se esforçando para deslocar policiais que estão em serviço nas instituições ou com autoridades políticas para virem dar serviços nas ruas. “É remanejamento. Embora este serviço nos órgãos públicos também esteja entre nossas atribuições, estamos dando preferência para o serviço na rua”, diz.
A maioria das pessoas que trabalha no administrativo está com restrição médica, segundo o comandante. “Estamos remanejando o máximo possível. Só que vai ficar prejudicada a guarda aos órgãos públicos, e eles são necessários lá também”, conclui.
Nesta quarta-feira (30) se apresentaram nove policiais da CIOE – Companhia de Operações Especiais ao comando do 4º BPM. “Vão se somar ao policiamento do 4º BPM. Eles possuem treinamento especial e utilizam o melhor armamento do mundo. Com esta medida nós otimizamos nossos serviços para beneficiar diretamente a população ”, finaliza o Cel. Glauber.
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