“Quando vejo minha filha precisando de leite e sei que não tenho o suficiente para ela, é desesperador, dá vontade de chorar. Sinto esta angústia todas as vezes que vou fazer a ordenha e me pergunto se vou conseguir tirar tudo que ela precisa”. A declaração é da jornalista Rita de Cássia Ribeiro Cardoso, mãe da bebê Mel Ribeiro Fernandes, que teve seu caso amplamente divulgado nos últimos dias e tem sensibilizado muitas mulheres que amamentam a doar um pouco do leite que sobra depois que seu bebê mama.
A dificuldade enfrentada por Cássia também é a realidade de outras famílias que têm bebês que necessitam de doações de leite. Somente o Banco de Leite do Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR) luta para alimentar atualmente 47 bebês, sendo 46 internados na própria maternidade e a Mel, internada em uma maternidade particular. Devido a grande procura, o banco não consegue atender a necessidade de alimentação de todos, o que acaba obrigando a inclusão de fórmula específica na alimentação dos pequenos. “Graças a Deus nos últimos dias o número de doadoras aumentou, mas ainda é pouco para a nossa demanda. Mês passado, por exemplo, conseguimos coletar apenas 100 litros de leite, sendo que a necessidade é de no mínimo 300 litros para que a gente pudesse atender todos os bebês internados na maternidade Dona Regina e ainda aos casos especiais de hospitais particulares, como é o caso da Mel”, explicou a coordenadora do Banco de Leite, Valquíria Pinheiro.
Valquíria explica ainda que é preciso aumentar o número de doadoras, já que das 100 mães que atualmente ajudam o banco, algumas só doam uma vez por semana, uma vez por mês ou ainda uma vez a cada dois meses. “Somos gratas a estas mães que nos ajudam, porque toda quantidade é bem vinda, mesmo que seja um frasco só, mas precisamos da ajuda e da sensibilidade de quem puder. A gente espera contar com a colaboração, pois toda mãe que amamenta pode doar. Só precisa ser saudável e não está tomando medicação que impeça a doação, não fumar e não ingerir bebida alcoólica”, finalizou Valquíria.
As dificuldades enfrentadas pelo Banco de Leite são compreendida por Cássia. “Todos os dias a dieta dela vem um pouco reduzida, mas eu entendo que é porque muitas crianças precisam e há pouco leite no estoque. A atenção que tive da equipe do banco tem sido muito importante e espero que mais gente se comova, não só com minha história, mas com a de tantas mães que estão na mesma situação”, disse a jornalista, acrescentando que “mesmo sendo prematura, minha bebê pode tomar fórmula, desde que seja dissolvida no leite materno, então sou muito grata a Deus e a todas as pessoas daqui de Palmas que abraçaram a causa e estão me ajudando neste momento tão difícil. Que Deus abençoe cada uma”, finalizou.
Como doar
Para doar, a mãe só precisa ligar para o Disk Amamentação (0800-6468283), onde será feito um cadastro e posteriormente a visita do Projeto Bombeiros Amigos do Peito que entregarão o kit para a coleta, composto por toca, gases, máscara, materiais informativos e os frascos esterilizados. Durante a visita, os bombeiros dão toda orientação necessária quanto a coleta e estocagem do leite.