Investimento de R$ 10,5 milhões financia mapeamento aerogeofísico em 20 cidades do sul e sudeste do estado, visando potencializar a mineração e o agronegócio.
Uma operação tecnológica de alta precisão está em pleno andamento no coração do Tocantins, concentrando-se nas regiões sul e sudeste do estado. Uma aeronave super equipada está sobrevoando o território, atuando como um verdadeiro “raio-X” do subsolo. Esta missão, coordenada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) com um investimento robusto de R$ 10,5 milhões do Novo PAC, não é um simples voo; é uma investigação detalhada para desvendar o potencial geológico da região, buscando identificar jazidas promissoras de metais preciosos e elementos estratégicos.
Sensores Inteligentes à Procura de Futuro
O avião carrega uma bateria de sensores sofisticados que capturam variações do campo gravitacional, da radiação e do magnetismo terrestre. O geólogo Sanclever Freire Peixoto, da Agência de Mineração do Tocantins (Ameto), explica que, embora o foco principal seja a prospecção de minerais cruciais para a transição energética – como cobre, ouro, zinco, níquel e, notavelmente, os elementos de terras raras – os dados coletados têm um valor inestimável para outras áreas. Eles servirão de base para o planejamento territorial, gestão ambiental e até para otimizar práticas no agronegócio, setores vitais para a economia local.
Tocantins: A Nova Fronteira Mineral
A prioridade dada ao Tocantins não é coincidência. Segundo Valdir Silveira, diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, o conhecimento geológico prévio aponta o estado como um local de “grande potencial” para depósitos minerais que podem abastecer tanto a agenda da transição energética quanto a segurança alimentar (via insumos para o agronegócio). A expectativa é que, após a análise dos dados, o Tocantins se estabeleça como uma “nova fronteira para o setor mineral do Brasil”, oferecendo uma base sólida para futuras decisões de investimento e desenvolvimento sustentável nos municípios mapeados, que são: Almas, Arraias, Aurora do Tocantins, Chapada da Natividade, Combinado, Conceição do Tocantins, Dianópolis, Lavandeira, Natividade, Novo Alegre, Novo Jardim, Paranã, Pindorama do Tocantins, Ponte Alta do Bom Jesus, Ponte Alta do Tocantins, Porto Alegre do Tocantins, São Valério, Silvanópolis, Taguatinga, Taipas do Tocantins.

Equipamentos usados no mapeamento aerogeofísico — Foto: Igo Estrela/Serviço Geológico do Brasil
Ciência em Voo: Como Funciona a Descoberta Invisível
A operação, conduzida pela empresa LASA Prospecções S.A. (Xcalibur Smart Mapping) e com base em Porto Nacional, envolve uma equipe multidisciplinar de especialistas. O avião, voando a uma altitude baixa de cerca de 100 metros, realiza uma varredura contínua. A aeronave coleta simultaneamente medições de magnetometria (campo magnético), gravimetria (campo gravitacional) e gamaespectrometria (emissão de raios gama). Esses dados são transformados em imagens detalhadas que mapeiam estruturas geológicas profundas. Ao voar em linhas paralelas de norte a sul, a missão consegue identificar anomalias que sugerem a presença de minerais sem a necessidade imediata de perfurações exploratórias invasivas.
Um Olhar Amplo para o Futuro
Esta iniciativa faz parte de um esforço nacional ambicioso, englobando o Plano Nacional de Mineração 2030/2050 e o Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico (PlanGeo). O conhecimento gerado será fundamental para que gestores municipais possam planejar o crescimento urbano de forma consciente, demarcando áreas de preservação ambiental em conjunto com as zonas de maior interesse mineral, garantindo que a exploração caminhe lado a lado com a responsabilidade socioambiental. O último levantamento aerogeofísico significativo no país foi em 2015, tornando esta campanha no Tocantins um marco esperado no setor.

Base dos trabalhos de mapeamento aerogeofísico no Tocantins está instalada em Porto Nacional — Foto: Igo Estrela/Serviço Geológico do Brasil



























