Após cartaz em semáforo, homem consegue emprego de segurança: 'Multiplicaram meu grito silencioso'

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Após cartaz em semáforo, homem consegue emprego de segurança: ‘Multiplicaram meu grito silencioso’

Edvaldo começou a trabalhar na Assembleia Legislativa nesta segunda (5). Ele chamou a atenção de quem passava pelo centro de Palmas com pedido de emprego.

“Sou grato à solidariedade dos palmenses e as pessoas que multiplicaram o meu grito silencioso”. A declaração é de Edvaldo de Mendonça Lira, de 36 anos. Ele começou a trabalhar como vigilante na Assembleia Legislativa na manhã desta segunda-feira (5), após usar um cartaz de papelão para pedir trabalho em um semáforo no centro de Palmas. O homem estava desempregado há cerca de um ano.

“Eu não esperava tanta repercussão, mas tinha certeza que ia conseguir. Cheguei a pensar em desistir. Houve um momento em que o sol estava muito forte, senti muita sede e fome. Muitas pessoas riram de mim, mas eu não fiquei com vergonha. Também teve muita gente tirando foto e pensava que alguém poderia ver a imagem. Essa divulgação boca a boca que eu queria.”

Edivaldo chamou atenção de quem passava no centro de Palmas na última quinta-feira (1º). No dia seguinte, o diretor de uma empresa de serviços terceirizados, Joseph Madeira, entrou em contato com ele.

“Um dia eu também cheguei a Palmas em busca de um emprego. A pergunta ‘Alguém pode me ajudar?’, escrita na placa, falou diretamente comigo. Eu pensei: ‘Eu posso’. Eu acredito que quando a gente tem um sonho, tem que fazer de tudo para alcançá-lo.”

Além da atitude, Madeira ressalta que Lira preenche os requisitos necessários para vaga. “Nós recebemos mais de 100 currículos diariamente. Eu conversei com ele e correspondeu à expectativa. Está preparado. Além disso, demonstra compromisso e gratidão”, afirma.

G1 acompanhou o primeiro dia de trabalho de Lira. Antes de começar, ele foi recepcionado pelos funcionários da empresa. Durante a apresentação, ficou emocionado.

Ele conta que depois da iniciativa de ir para o semáforo chegou a receber pelo menos 50 propostas de emprego. “O que me fez optar por essa empresa foi a acolhida, a atenção com a qual me trataram”, garante.

Agradecido, Lira diz que o objetivo agora é corresponder a oportunidade e crescer na empresa. “Vou dar o meu melhor e vão ouvir falar de mim.”

Lira começou a trabalhar na Assembleia Legislativa nessa segunda-feira (5) (Foto: Gabriela Lago/G1)

Lira começou a trabalhar na Assembleia Legislativa nessa segunda-feira (5) (Foto: Gabriela Lago/G1)

Entenda

Desempregado há um ano, com muitas contas acumuladas e tendo que pagar pensão alimentícia, um homem chamou atenção de quem passava por um semáforo, no centro de Palmas, nesta quinta-feira (1º) . Edvaldo de Mendonça Lira, de 36 anos, foi visto com uma placa feita de papelão com a mensagem: “Estou precisando de um emprego! Alguém pode me ajudar?”

Edvaldo conta que morava em Recife (PE) e se mudou para Palmas com a esposa para procurar emprego. O homem conta que a decisão de ir às ruas com a placa surgiu depois de dois meses na cidade distribuindo currículos. “As empresas só dizem pra eu aguardar. Já fui vítima de preconceito várias vezes”.

O homem acredita que quem vem de fora tem mais dificuldade para encontrar trabalho e que durante a procura já enfrentou algumas situações contrangedoras antes mesmo de fazer as entrevistas. “Por causa do meu sotaque, pelo telefone mesmo as pessoas já descartam e dizem que a vaga já foi preenchida”, conta.

Ele disse que apesar de ter mais experiência no ramo da segurança, aceita a oportunidade que aparecer. “Procuro qualquer tipo de funcionalidade, mas a minha área é da segurança. Já trabalhei de vigia, porteiro, agente de segurança e de portaria, segurança de shopping, mas o que aparecer eu quero”, explica.

O semáfaro que Edvaldo estava é um dos mais movimentados da cidade. A estudante Erica Regina de Farias Ferreira foi quem tirou uma foto e postou nas redes sociais. Ela disse que as reações eram diversas. “Foi um clima meio estranho, porque as pessoas ficaram sem saber se davam dinheiro, mas não era isso que ele queria”, conta.

Para o homem que precisa se sustentar e pagar pensão alimentícia dos filhos de 9 e 12 anos, “a esperança é que agora dê certo. Não quero mais ter que fazer isso.”

Desemprego

O Tocantins fechou o ano de 2017 com 75 mil pessoas desempregadas. Com esse resultado, o estado ocupa o 18º lugar no ranking do país. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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