Com o objetivo de mobilizar a sociedade e incentivá-la no engajamento contra a violação dos direitos da criança e adolescentes o dia 18 de maio foi estabelecido como o dia nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Essa data foi escolhida porque na década de 70 uma menina de 8 anos, de Vitória (ES), foi sequestrada, violentada e assassinada. Seu corpo apareceu seis dias depois, carbonizado e os seus agressores nunca foram punidos.
Em Cariri do Tocantins para levar a reflexão à comunidade foi realizada nesta sexta-feira, 18, uma caminhada pelas ruas da cidade chamando a atenção dos moradores sobre a importância de denunciar os casos de abusos contra menores. O evento foi promovido pelas Secretarias da Assistência Social, Educação, Saúde, e Conselho Tutelar, com a participação dos alunos da Escola Municipal Divina Ribeiro Borges e do Colégio Estadual Tarso Dutra. Na ocasião também foram apresentadas peças teatrais pelos alunos do curso de Psicologia da Fundação UnirG, e pelo grupo da Saúde sobre o tema.
O conselheiro tutelar, Michel Almeida comentou que o abuso e a exploração sexual são crimes recorrentes e geralmente cometidos por pessoas próximas da vítima e ele destacou que todos têm a responsabilidade de denunciar para proteger a infância dos menores. Enfatizou que as denúncias são anônimas e são importantíssimas para que o direito das crianças e adolescentes seja garantido.
A coordenadora do Creas, Ima Fernandes falou sobre o trabalho de assistência realizado pelo órgão. Segundo ela, após a confirmação da violação, são feitas visitas domiciliares com psicólogas e assistente social. “É um trabalho em conjunto com vários órgãos para garantir o reestabelecimento do direito do menor. É um trabalho de socialização de reintegração emocional”.
Ima Fernandes comentou que infelizmente casos dessas violações em Cariri acontecem em número alarmantes. “É um trabalho sigiloso, e contamos com as denúncias, ou seja, um familiar, um amigo, ou educador que perceber uma mudança de comportamento deve denunciar”, alertou.
A psicóloga do Creas, Joice Figueredo, explicou que a denúncia geralmente é feita ao Conselho Tutelar, que averigua a veracidade e, caso seja confirmado, o caso é repassado ao Ministério Público para tomar as providências no âmbito jurídico e também ao Creas que dará assistência à vítima e aos familiares em trabalhos em grupo e individual com uma equipe multidisciplinar. “São diversas orientações que repassamos com o objetivo de não haver uma desestruturação maior no seio familiar e reestabelecer a saúde psicológica da vítima”, comentou.
Destacou que os casos ocorrem em sua maioria dentro de casa, por familiares como padrastos, tios, primos, amigos da família. “São raros os casos em que a violação do direito do menor é cometida por um estranho. As maiores vítimas são meninas entre 8 e 14 anos”, enfatizou.
Joyce confirmou que com a assistência que é feita às vítimas elas têm conseguido seguir a vida sem traumas. “É um trabalho de longo prazo, mas que tem surtido efeito”, confirmou.
Quem observar alguma mudança no comportamento dos menores pode denunciar pelo Disque 100 ou ainda no Conselho Tutelar pelo telefone 63 98439-2948; Creas 63 99383-1299; Cras 63 3383-1245 e Ministério Público 63 3312-1369.