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Garotinho e Rosinha são presos pela PF no Rio de Janeiro

Os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho (ambos do PR) foram presos pela PF (Polícia Federal) na manhã desta quarta-feira (22) por suspeita de financiamento ilegal de campanha e cobrança de propina. Ele foi preso no apartamento em que vive na capital fluminense. Já ela foi detida em Campos dos Goytacazes, cidade no norte do fluminense, reduto eleitoral da família Garotinho. Rosinha foi prefeita da cidade até dezembro de 2016, quando terminou o seu mandato. O ex-governador comandava uma secretaria na sua gestão.

De acordo com a PF, a ação investiga os crimes de corrupção, concussão (quando o agente público comete crime de extorsão), participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. O ex-governador cobrava propina em licitações da prefeitura de Campos, diz a PF em nota.

Os investigadores apontam haver elementos de que “uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé (RJ) para prestação de serviços na área de informática”. “Suspeita-se que os serviços não eram efetivamente prestados e que o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria apenas para o repasse irregular de valores para utilização nas campanhas eleitorais”, diz a PF em nota sem citar os nomes das empresas envolvidas.

Os pedidos de prisão foram feitos pelo Ministério Público Eleitoral. Além de Anthony Garotinho e Rosinha, foram expedidos outros sete mandados de prisão. Entre os
alvos, também está um ex-secretário municipal de Campos dos Goytacazes. A PF, porém, não divulgou seu nome.

Em nota, a assessoria de imprensa de Anthony Garotinho atribui a prisão “a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral [Sérgio Cabral, PMDB, ex-governador] na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter”.

“O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado [o desembargador Luiz] Zveiter à Procuradoria Geral da República”.

Na nota, o político afirma ainda que “nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum”. “E, conforme disse ontem [terça-feira, 21] no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sérgio Cabral e Jorge Picciani [presidente da Assembleia do Rio], durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho”.

Outras detenções

Na primeira das três vezes em que determinou a prisão de Garotinho, em novembro de 2016, o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral, afirmou que o exgovernador comandava com “mão de ferro” um “verdadeiro esquema de corrupção eleitoral” no município, onde ele e sua família formam uma espécie de clã político.

Anthony Garotinho foi preso na ocasião. Detido, ele causou tumulto ao tentar resistir a deixar um hospital. Dias depois, a Justiça mandou soltá-lo. A prisão foi no âmbito da Operação “Chequinho”, que tem como base uma investigação da Polícia Federal referente a denúncias de irregularidades no Cheque Cidadão, programa de assistência social que teria sido usado pelos denunciados para cooptar eleitores nas eleições de Campos dos Goytacazes do ano passado.

No esquema denunciado à Justiça no ano passado, o magistrado relatou que os acusados ofereciam cadastro ilegal no Cheque Cidadão e, em troca, os beneficiários prometiam votar nos candidatos apoiados por Garotinho e seu grupo político.

Cerca de 18 mil novos cadastros teriam sido realizados no programa social com fins eleitoreiros –até o ano passado, o Cheque Cidadão contava, no total, com 30 mil
cadastrados. A compra de votos ocorria sobretudo com eleitores de baixa renda, segundo as investigações.

Na eleição, porém, o grupo de Garotinho sofreu uma derrota em Campos. O candidato de Garotinho, Dr. Chicão (PR), foi derrotado por Rafael Diniz (PPS), que venceu no primeiro turno.

Em setembro deste ano, Anthony Garotinho voltou a ser preso, desta vez foi alvo de um mandado de prisão domiciliar e levado por policiais enquanto apresentava um programa de rádio ao vivo.

Além da prisão domiciliar, Garotinho também foi condenado à prisão em regime fechado por corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão de documentos públicos. Cerca de duas semanas depois, novamente a Justiça mandou soltá-lo.

Anthony Garotinho, que foi governador do Estado entre 1999 e 2002 e deputado federal (exerceu mandato até 2015), ele era secretário municipal de Segurança em Campos quando foi preso pela primeira vez. Já Rosinha sucedeu o marido no comando do Estado, entre 2003 e 2006.

Rosinha também sofreu derrotas na Justiça. Em outubro do ano passado, o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio) aprovou a cassação do mandato dela à frente
da Prefeitura de Campos. Com a decisão judicial, ela ficou inelegível por oito anos por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação.

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