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Falta de manutenção causou incêndio que matou vaqueiro e mil animais; Energisa deve ser multada em R$ 45 milhões

Laudo sobre incêndio na zona rural de Carmolândia, norte do estado, foi divulgado pelo Ibama. Incêndio ocorreu em setembro de 2017 e causou a morte de um vaqueiro que combatia chamas.

A concessionária de energia elétrica do Tocantins, Energisa, deve ser multada em mais de R$ 41,5 milhões pelo incêndio que destruiu fazendas, causou a morte de um vaqueiro e matou mais de mil animais em Carmolândia, norte do Tocantins. Segundo o laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), divulgado nesta quarta-feira (10), a empresa foi negligente ao deixar de fazer manutenção na rede e acabou causando três grandes incêndios.

A Energisa Tocantins, disse em nota, que os laudos são parciais e não correspondem às conclusões que especialistas em incêndios florestais chegaram após análise independente. “Tal análise independente indica que as origens dos incêndios dos dias 10 e 16 de setembro são distintas e que ambos os incêndios provavelmente tiveram origem criminosa por fato de terceiro.”

Os relatórios periciais elaborados pelo Ibama apontam que o incêndio florestal ocorreu em três áreas na fazenda Boa Esperança. O fogo destruiu mais de 19 mil hectares. Parte deles em área de reserva legal e Área de Preservação Permanente (APP).

Uma outra investigação sobre o incêndio está sendo feita pela Delegacia de Carmolândia. O delegado José Rerisson Macedo informou que o inquérito ainda está em andamento e o laudo da Polícia Civil ainda não está pronto.

Incêndio pode ter matado cerca de mil cabeças de gado (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Conforme o Ibama, a falta de manutenção adequada em uma rede de derivação de energia elétrica resultou no rompimento de fio de energia por galhos de árvore, provocando incêndio na primeira área.

Depois disso, uma chave religadora foi acionada em outro local com vegetação seca e provocou um novo incêndio. Por fim, o fogo em um terceiro terreno começou devido a ação do vento espalhar vegetação em chamas para outros pontos.

Segundo o laudo, apesar de os focos terem surgido de forma acidental, a perícia concluiu que se “os cabos elétricos e os dispositivos de segurança da rede elétrica tivessem recebido manutenções preventivas rotineiras”, os incêndios não teriam acontecido ou os prejuízos seriam menores.

A empresa será multada por: Fazer uso de fogo em área agropastoril. Valor da multa: R$ 16.638.000,00; Danificar floresta ou vegetação nativa em área de reserva legal com o uso de fogo. Valor da multa: R$ 15.307.500,00; Danificar florestas ou vegetação natural em Área de Preservação Permanente (APP). Valor da multa: R$ 9.607.500,00.

A Energisa disse ainda que apresentou defesa aos laudos produzidos. “A Companhia registra ainda que não há qualquer ação ou omissão de sua parte que possa ter contribuído para os incêndios mencionados e afirma que há a manutenção de todas suas redes de distribuição seguindo integralmente os padrões de qualidade e excelência exigidos pela ANEEL e pela legislação vigente”, diz nota.

Entenda

O fogo começou na Fazenda Boa Esperança, no dia 10 de setembro, após o cabo que passa pela fazenda se romper. O incêndio atingiu uma área extensa perto de Carmolândia, norte do estado, e matou mil animais, entre gado, cavalos e burros, segundo uma estimativa feita pelos fazendeiros da região.

O vaqueiro Carlos Alberto da Silva também ficou ferido durante o combate e morreu após ficar internado vários dias em Unidade de Terapia Intesiva.

Setembro de 2017 foi o pior mês da história do Tocantins em número de queimadas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 10.734 focos de incêndios no estado.

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